sábado, 13 de dezembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.13 - A GRÉCIA - OS MISTÉRIOS DE ELEUSIS - 1ª PARTE

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

7.13
A GRÉCIA
OS MISTÉRIOS DE ELEUSIS
1ª PARTE

Um dos pontos mais secretos da iniciação helênica, foi a celebração dos Mistérios de Eleusis. Temos poucos documentos sobre um fato que foi, entretanto, de importância considerável sobre a vida religiosa da Grécia.
Certamente, tomando tema da desaparição da jovem Deusa Perséfone, da desaparição do grão de trigo, posto na terra como um morto para apodrecer e que, sob uma influência misteriosa, triunfa do peso da terra, renasce à claridade, floresce, traz frutos numerosos, todo espírito elevado e conduzido ao simbolismo, via nesta imagem, os destinos da alma, que reentrando no aparente não-ser, volta à vida e, rica de novas experiências, conduz frutos à eternidade, em vista de suas futuras reencarnações.
Em nosso sentido, não poderia haver dúvidas; a iniciação de Eleusis, ensinava a solução de todos os grandes problemas; mostrava que o ser humano tem por dever elevar-se, criar em si novas forças, prever a morte que conduz ao renascimento e preparar-se, a fim de que o caminho lhe seja breve para a paz absoluta do eterno porvir.
Imagina-se, com toda a aparência de razão, que os Mistérios de Eleusis, como todos os Mistérios antigos, ocultam, sob a forma exotérica de suas festas harmoniosas, um ensinamento análogo àquele que tinha professado Orfeu e Pitágoras, posto que sob uma forma diversa.
Estes ensinamentos eram intimamente, idênticos aos do Templo da Índia, da China e do Egito; a verdade é uma e, sob o véu florido dos mitos e das alegorias, não poderá ser mudada.
Pode-se acreditar que o ensinamento eleusiano, tenha trazido ao mundo, um conhecimento novo, mas, pela graça do gênio grego, nunca a doutrina pura fora enfeitada de um exterior tão sedutor, porque é o dom próprio do gênio grego, embelezar tudo o que está submetido ao encantamento de sua lira.
Parece fora de dúvida, que os Mistérios de Eleusis, eram baseados sobre a fé nos renascimentos e sobre a subida da alma para o divino, através das etapas da morte.
O grão de trigo, foi o seu símbolo, e toda a mitologia se liga a esta crença. Apenas semeado, o grão desapareceu; o corpo, à morte, é confiado a terra. Mas o trigo reúne os elementos de um novo corpo, como faz a alma humana.
Os dois recomeçam um novo ciclo, e a volta das estações foi para os gregos, a imagem da ordem imutável e diversa da Criação.
A vitória que o cultivador alcança sobre os elementos hostis, sobre a aridez da terra, simbolizava para eles a vitória que devemos alcançar sobre as nossas paixões.
Demeter, nossa Ceres, via arrebatar sua filha Perséfone, os frutos da terra, pelo feroz Plutão. Perséfone (Prosérpina), era-lhe entregue depois, mas nunca completamente, porque o Deus dos Infernos, tinha toma do o cuidado de lhe fazer comer algumas sementes de romã, símbolo da fecundidade.
O sentido esotérico, era que a alma, depois dos funerais, entrava nas trevas e se purificava, mas nunca completamente, porque nós guardamos até o fim das nossas encarnações, o desejo de viver e produzir.
Não será senão quando estivermos despojados de todo desejo egoísta, que seremos livres de voltar ao mundo, que Perséfone, voltará definitivamente ao esplendor do dia, representará a inteligência divina, a luz celeste que procuramos longamente, que se recusa aos olhos da carne.
O fim destes Mistérios, era o mesmo que o de todas as iniciações. A entrada entre adeptos, era considerada como um novo renascimento.
Eis porque o noviço devia sofrer um simulacro de morte para renascer a uma nova vida, aquela que não termina mais.
Havia duas etapas a vencer na iniciação: Os Pequenos Mistérios, dos quais não se podia ser dispensado, e os Grandes Mistérios, que eram reservados àqueles que tinham passado por uma iniciação completa.
Para o fim do século V, antes de nossa era, um grau ainda superior foi unido a estes Mistérios: a Epoptia.
Os Pequenos Mistérios, celebravam-se ao fim do inverno, no mês de Anthesterion. Simbolizava o fim do inverno, o começo de um novo ciclo, embelezado pelo Sol novo e todas as flores novas.
Os Grandes Mistérios, celebravam-se no mês de Boedromion (setembro), entre a colheita e as sementeiras.
As colheitas acabavam e as sementeiras não eram feitas. O ser achava-se entre a morte e o despertar, na plenitude de sua personalidade.
Nada operava sobre ele; podia dar-se à vontade ao ensinamento iniciático, e o outono pesado de frutos, faziam-lhe compreender que a vida humana, como a natureza materna, não pode existir sem encher as cestas de outono de frutos dos longos trabalhos de seus dias.
Os Pequenos Mistérios tinham, algumas vezes, o nome de Mistérios de Agra, porque eles eram feitos não em Eleusis, mas em Agra, que é um arrabalde de Atenas.
Havia nessa cidadela um Templo consagrado a Perséfone, sob o nome de Koré (a moça), e era aí que as festas se desenrolavam.
Monumentos mostram-nos o neófito nu, passando esta lustração. Tem o pé esquerdo sobre a pele do animal que ele ofereceu para tornar as divindades favoráveis, e um celebrante lhe derrama a água sobre a cabeça.
Além disso, o vemos assentado como adepto definitivamente aceito. Sua cabeça é coberta por um véu; uma sacerdotisa o abana com o crivo místico.
Os Pequenos Mistérios, além de Demeter e Perséfone, também tinham lugar em Dionísio. Nesta cerimônia, Dionísio representava o papel de Deus psicopompo; era ele que conduzia Perséfone à luz; era ele que, pela força de um santo entusiasmo, elevara o iniciado acima dos reinos da morte.
Os Grandes Mistérios se celebravam de cinco em cinco anos, e sempre em Eleusis. De Atenas, os efebos partiam em cortejo para Eleusis
Os neófitos deviam demonstrar que eles tinham seguido os Pequenos Mistérios.
Heródoto, que tinha visto os Mistérios em seu tempo de plena florescência, descreve com entusiasmo esta multidão enorme e recolhida. “Via-se a poeira que 30.000 homens levantavam; o grito de Iaccos retinia, impelido pela multidão daqueles que se entregavam a Eleusis, e de todas as partes do mundo grego, corriam homens desejosos de receber a iniciação santa”.
De todas as partes, vozes entoavam hinos sagrados. Nada mais imponente e mais vibrante do que esta entrada do cortejo em Eleusis; mas os sacerdotes, vendo que aqueles que deviam entrar tinham vencido o limiar, fechavam as barreiras. O cortejo sacerdotal penetrava no santuário da Deusa; o Hierofante depositava os objetos sagrados que não deviam sair, senão cinco anos mais tarde.
A parte pública da festa estava terminada.
Começava, então, a festa iniciática.


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domingo, 7 de dezembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.12 - A GRÉCIA - PITÁGORAS - 6ª PARTE - VERSOS ÁUREOS

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

7.12
A GRÉCIA
PITÁGORAS – 6ª PARTE
VERSOS ÁUREOS

PERFEIÇÃO

O MEIO DE APERFEIÇOAMENTO – O exame de si mesmo – Apenas desperto, aproveita-te logo da harmonia que vem do sono para elevares o teu espírito e refletires nas boas obras que deverás realizar.

Toda a noite, antes de dormires, faça o teu exame de consciência, repassa muitas vezes no teu espírito os atos de tua jornada e pergunta a ti mesmo: “Que fiz eu? Cumpri bem o meu dever em todas as coisas?” Examina assim sucessivamente cada uma das tuas ações. Se descobrires que fizeste o mal, repreende-te severamente; se foste irrepreensível, regozija-te.

Segundo Pitágoras, o melhor momento que podíamos escolher para liberta-lo da cadeia corporal, é a manhã, logo depois de despertarmos. A esta hora, o corpo, saindo do sono, está calmo de todas as agitações do trabalho e das paixões, sejam elas prazeres ou desgostos.
É neste momento que é preciso fazer exame do que se fará durante o dia. Devem ser tomadas as competentes decisões. É na calma matinal que podemos muito mais facilmente, pesar tais decisões e amadurece-las para discernir o bom caminho. Uma espécie de exame da situação, mostra-nos o estado em que nos encontramos, as modificações boas ou más, de nossas possibilidades.
Diante desta constatação imparcial, podemos dar úteis auto-susgestões, que nos serão de um grande valor no cumprimento de determinadas empresas.
Quando o Sol se levanta, o Espírito é o rei do corpo. É o momento das meditações calmas e das intuições. O espírito dirige o inconsciente, em lugar de o seguir. É a hora do domínio do eu.
Este trabalho psíquico da manhã, deve ser completado todas as noites por um exame de consciência, um exame das ações realizadas durante o dia.
Fazer-se à noite um exame de consciência, é uma indicação útil, e todas as religiões têm-no adotado. O momento da calma que precede ao sono, abranda a turbulência do inconsciente, sempre prestes a escusar o que lhe é agradável . É bom não escutar conselheiro tão leviano.
Aquele que tem o bem em vista, verá todas as noites, como seguiu o plano que lhe é imposto; lastimará suas faltas, porque elas têm por efeito retardar um resultado tão longamente esperado.
Ao contrário, se os resultados foram bons, está no direito de regozijar.

A MEDITAÇÃO. A fé. A vida virtuosa. A ciência do Universo. Medita estes conselhos. Ama-os de toda alma, e esforça-te em coloca-los em prática; eles te conduzirão às virtudes divinas. Juro por aquele que traçou em nosso espírito a tétrada sagrada, fonte e emblema da Natureza eterna.

A Tétrade é uma pirâmide de quatro faces: três laterais, uma basal. É uma imagem do ser humano, este microcosmo, imagem reduzida do Universo, do Macrocosmo, porque tudo há na Natureza.
As três faces laterais são, no que concerne à personalidade humana, o corpo, o coração e o espírito. Cada face triangular tem, na parte que toca à base, dois ângulos opostos.
No que concerne ao corpo, um dos ângulos representa as forças criadoras; o outro ângulo inferior corresponde às forças destrutivas. O equilíbrio entre essas duas forças antagônicas, constitui a saúde, enquanto o seu desequilíbrio dá lugar à doença. No domínio do coração, os sentimentos serão bons ou maus e, segundo o curso que se dá a uns ou a outros, resulta o milagre, as alegrias do dever cumprido ou a desilusão das miragens.
Alegrias e desilusões sentimentais, são figuradas na segunda face lateral da Tétrade, por dois ângulos inferiores.
Quanto ao espírito, a verdade e o erro, a certeza e a dúvida, são os pólos negativo e positivo de sua atividade.
O cimo de cada triângulo é o equilíbrio dos contrários. Para o corpo está a saúde; para o coração esta a felicidade; para o espírito a serenidade.
E as três faces reunidas simbolizam as personalidades humanas, tão diversas, mas tendentes à unidade pelo desejo de equilíbrio.
O iniciado, o Sábio, realizou este equilíbrio; governa sobre os três domínios; sua vontade reside no cume da pirâmide, por este mesmo fato, dirige-se à parte basal, isto é, não opera senão por si mesma, porém é capaz de levar às outras, a mesma estabilidade.

A PRECE – Mas, metendo-se em obra, roga sem cessar aos deuses, para que eles te ajudem a cumpri-la.

Só aquele que não quer ver, aquele cujo orgulho é cego pelo império dos preconceitos, nega as potências superiores. O Sábio, conhece-as demasiadamente para as poder negar. Elas o auxiliam e sustentam.

A INICIAÇÃO – Quando fores bem compenetrado destes preceitos, chegarás à convicção da constituição íntima dos deuses, dos homens e de todas as coisas, e perceberás a unidade que penetra a obra natural inteira. Conhecerás, então, esta lei universal que, por toda parte, a matéria e o espírito são idênticos, em natureza.

Tal é o conhecimento que está prometido ao iniciado. Diante de seu olhar, despojado de todos os véus, verá a unidade perfeita e sublime de tudo que existe.
Perde a noção do tempo. Sabe que ele foi a matéria, e sabe que será Deus.
Uma mudança maravilhosa se produz; pede ao alto para espalhar em baixo a alegria, a vida, o repouso. Experimenta a alegria de um Criador divino.

A CLARIVIDÊNCIA – De tal maneira, vindo a ser clarividente, tu não serás mais atormentado por desejos ilegítimos. Reconhecerás então, que os homens são os criadores de seus males. Infelizmente, não sabem que os verdadeiros bens estão a seu alcance. Quão raros são aqueles que conhecem a maneira de se livrar dos tormentos. Tal é a cegueira dos homens que lhes perturba a inteligência! Semelhantes a um cilindro que rolam ao acaso, porque não suspeitam a funesta incompreensão que vive neles, e os acompanha por toda a parte; não sabem discernir o que precisam admitir, nem o que é necessário repelir, sem revolta.

O maior dos males é, pois, a ignorância em que estamos do nosso verdadeiro bem.
Ele não depende senão de encontrarmos a paz e a alegria, mas, nós nos obstinamos em perseguir imagens sem realidade, em vez de gozarmos os bens verdadeiros que nos aperfeiçoam, que nos pertencem. O homem é o único artífice de seu próprio infortúnio. Deus é bom e sua obra é boa. Tudo que Deus criou é Harmonia e Justiça.
Em vez de procurarmos os bens ilusórios, faríamos o que é ordenado ao iniciado; trabalharíamos para depurar o nosso coração, para aperfeiçoar o nosso espírito.

A VERDADE OCULTA – Deus, nosso pai! Possa liberta-los de seus sofrimentos e mostrar-lhes qual o poder sobrenatural que eles podem obter! Não tenhamos angústia, porque os homens são da raça dos deuses e a eles pertence descobrir as verdades sagradas que a natureza oferece para a pesquisa.

É uma realidade que a sensibilidade do adepto sofre muitas vezes. Não pode fazer senão o seu próprio caminho. Cada um deve seguir a sua senda, vencer a sua etapa pelo seu próprio esforço.
O esforço é a verdadeira nobreza; é a única senda do aperfeiçoamento pessoal.
Então, teriam percepções e concepções novas. Descobririam verdades que transformariam o universo a seus olhos.
Estas verdades, estas percepções, são o verdadeiro domínio do Sábio. Em todos os tempos, os Sábios fizeram as mesmas descobertas e as iniciações registraram somente como verdades imutáveis e essenciais, algumas variações na matéria em que a revelação se produz.
Centros iniciáticos, filosóficos e religiosos, todos, contando tempos e raças, mostraram os mesmos horizontes ao insaciável desejo humano, e este desejo humano sempre se sentiu satisfeito
A verdade é uma. Ela é acessível a cada um. O mundo divino pertence àquele que o procura com o coração puro, um corpo são e o desejo sincero de luz.

A RECOMPENSA – A SABEDORIA – A IMORTALIDADE FELIZ – Se conseguires possui-la, preencherás facilmente todas as minhas prescrições e obterás o merecimento de ser livre em tuas provas. Mas, abstem-te dos alimentos que prejudicam as purificações, e prossegue na obra de libertação de tua alma, fazendo uma escolha judiciosa e refletida de todas as coisas, de maneira a estabelecer o triunfo do que existe de melhor em ti, o Espírito.
Então, quando abandonares o corpo mortal, elevar-te-ás no éter e, cessando de ser mortal, revestir-te-ás da forma de um Deus imortal!

Não estás neste mundo, senão para cumprir o seu dever e esperar, com serenidade, a hora da libertação.
A recompensa é adquirida; ela nos dá a coragem de a merecer por tanto trabalho . Mas esta recompensa qual é, para o justo?
O Deus que se oculta em cada um, vai abrir suas asas e, esquecendo todas as penas e desgostos desta vida, vai, com um vôo seguro, ganhando o mundo luminoso.
Tal é o ensinamento de Pitágoras, nas partes que nos foram conservadas.
Isso não é senão um fragmento da imensa obra deste Mestre; basta, entretanto, que façamos sentir a importância desta iniciação e a infelicidade de uma tal perda.
O ideal de Pitágoras, era o de criar a cidade perfeita, mas o tempo, que não era propício para ele, não o é para nós.
Estará talvez, próxima a hora em que a luta da matéria e do espírito, forçara os adeptos a prestar contas? Então, todos aqueles que procuram ou tenham encontrado a sua senda, se levantarão para o triunfo definitivo da verdadeira luz.

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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.11 - A GRÉCIA - PITÁGORAS - 5ª PARTE - VERSOS ÁUREOS

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

7.11
A GRÉCIA

PITÁGORAS – 5ª PARTE
VERSOS ÁUREOS

CRIAR UM JUIZO SÃO E FIRME – Toma cuidado sempre de observar o que eu te vou dizer. Não te deixes levar sem reflexão pelas palavras e os atos de outrem. Fala e age somente quando a tua razão te indicar o partido mais sábio. A deliberação obrigatória antes da ação evitará assim os atos desordenados. O que torna o homem infeliz, é falar e agir sem regra nem medida.

Maravilhosos conselhos para a luta contra as nossas impulsividades. O primeiro movimento, seja qual for, pode ser considerado como uma indicação intuitiva, mas não deve ser seguido.
Nada mais perigoso do que o arrebatamento; leva-nos a cometer, algumas vezes, ações simplesmente censuráveis, outras vezes culpáveis, porque não temos tempo para discernir e pesar pró e contra.
Os discípulos de Pitágoras, deviam ao hábito do silencio, um domínio próprio que os auxiliava poderosamente a realizar esta parte das ordens do Mestre.
Antes de pronunciar qualquer palavra, antes de fazer qualquer gesto, o iniciado deve deixar o sangue acalmar os seus surtos, deve dar à razão um pleno império sobre todos os sentimentos e todas as sensações. Isso não se observa quando, sem escutar a voz interna, o homem toma geralmente uma decisão, pronuncia uma palavra ou comete um ato.
O pitagoriano, tinha por dever ser escravo de sua palavra; por isso, não lhe era permitido dá-la a esmo; assim é que se praticam inúmeros erros.
É uma disciplina excelente pensar muito tempo, não somente antes de agir, mas ainda de falar, pois que a palavra vale a ação.

SER PREVIDENTE – Para cada uma das tuas decisões, prevê bem as conseqüências mais remotas, de maneira que não te arrependas nunca.

Ainda um conselho de uma alta conduta filosófica e prática.
Aquele que não age por um entusiasmo imprudente, dá-se ao trabalho de ver quais serão as conseqüências da ação que ele quer empreender.
É um preceito um preceito que tem sido bastante desprezado. Apenas se entrevem as conseqüências imediatas de um ato, mas as conseqüências longínquas escapam-nos geralmente. Entretanto, podemos observar que elas tomam larga parte da responsabilidade que nos será tomada em conta na hora terrível dos julgamentos sem apelo.
Isso é o conselho do iniciado, mas, na vida material, é preciso ver longe os bons e maus lados de uma empresa, não somente no presente, como em um futuro longínquo. É prevendo o pior que se pode escolher o melhor; porque se observa todo o lado mau de uma coisa, que apresenta necessariamente lados bons, e que se toma o tempo de ver o que é a inquietação antes de ir às vãs esperanças.

SER MODESTO – Não tenhas a pretensão de realizar o que realmente ignoras. Aproveita, ao contrário, todas as ocasiões para te instruíres. Chegarás assim, a uma vida altamente agradável.

Conselho sempre útil é o da simples humildade.
Quanto mais o sábio avança em conhecimento, mais se descobre diante dele, o vasto campo inexplorado, que lhe pedirá muitos esforços.
À medida que se eleva, o panorama se amplia. O menino que não viu senão o seu pequeno jardim, crê que ele é infinito. Aquele que sobe à colina, acha o universo imenso. As asas do espírito, vão mais além do que as asas de qualquer pássaro.
Aquele que procura ver as coisas no seu vasto conjunto, sente-se uma ínfima célula no vasto universo. Seu orgulho, se o tiver, desaparece neste momento. Sua alegria não pode vir mais senão do estudo; todo o dia mergulha-se em uma meditação profunda; o prazer constante e indispensável que ele sente, é a mais alta alegria que este mundo pode dar.

b) A CULTURA CORPORAL – Seguir um regime puro e fisiológico – Fazer exercício. É preciso igualmente velar pela boa saúde do corpo. Toma cuidado com a medida dos alimentos que te são necessários. Tua justa medida será a que te impedirá de amolecer o teu caráter. Também deverás habituar-te a um regime puro e severo.

O que ressalta desta parte do ensinamento pitagórico, é a necessidade de um corpo são, para continuar em paz as pesquisas do espírito.
A vida do Sábio, não deve ser uma série de festins; não deve perder, comendo e digerindo os alimentos mais delicados, toda a energia que lhe foi confiada para mais nobres e úteis fins.
É necessário ao homem alimentar-se, mas convém que ele o faça para a sua saúde. Esta alimentação era severamente medida.
Em primeiro lugar, Pitágoras proibia formalmente toda nutrição de carne.
A água, era a única bebida! É verdade que é a melhor, e mesmo a que a própria Natureza nos destina, pois, que todas as bebidas fermentadas são o produto da indústria humana.
A água, que nos nivela aos animais e às plantas, é a única bebida que deveríamos usar.
Bem longe de debilitar, como se crê muitas vezes, ela dá forças corporais e um excelente equilíbrio físico. Quem bebe água, experimenta harmonioso equilíbrio em todo o seu ser, e saboreia uma paz que os febris bebedores de vinho não conhecem.

SER RESERVADO – Caminha sem ostentação, para evitares atrair a incompreensão odiosa dos invejosos e ignorantes.

O Sábio tem de viver afastado. Pratica as quatro palavras que nos foram dadas como a chave de toda iniciação, mas o que melhor convém é: Calar-se. Ele sabe que, de um modo geral, a multidão está fora do estado de o compreender. Não a odeia nem despreza. Aqueles que compõem a multidão estão no seu caminho, na senda que conduz a Deus. Mas, o Sábio, tem ocupações mais urgentes do que dar conselhos e exemplos que não seriam seguidos.
A opinião do vulgo não lhe preocupa; não tem linguagem comum com ele e os dois falariam em vão, sem se compreenderem.
O Sábio não fala àqueles que podem auxiliar a sua evolução ou àqueles que lhe podem oferecer apoio. Cada um tem estados a vencer. Aquele que sabe, não pode recusar um bom conselho, ou melhor, um bom aviso, ao que pede.
Ele pode e deve por no caminho aquele que tem já a inquietação de seguir um caminho seguro. Mas uma lei absoluta, é que cada um evolve por si mesmo, e aquele que tem a sua evolução a fazer não deve esquece-la na preocupação, muitas vezes, orgulhosa de fazer adiantar os demais.

SER PONDERADO – Não faças como as pessoas sem juízo, que gastem além de suas necessidades, ou ainda, que se entregam à avareza, mas, aprende a guardar em tudo o meio termo. Não faças coisa alguma que te prejudique e, por isso, raciocina bem, antes de agires.

Aquele que tende a uma evolução superior, não deve ter apego ao dinheiro como o avaro, nem criar dificuldades materiais que serão um entrave para os seus trabalhos.
O Sábio não deve procurar ofuscar por seu fausto; deve ser comedido, porque as suas necessidades são limitadas pelo estado de espírito que o guia.
Não tende mais para estas miragens, e alegrias enganadoras que arrastam os tolos a despesas abusivas.
Sua felicidade não está no luxo nem nos festins. Os prazeres que lhe são doces, são aqueles que não se compram com dinheiro.
Não procura senão as coisas eternas, e estas não dão inquietações nem desilusões.
E temos sempre a necessidade de refletir antes de agir, qualquer que seja a ação, e mesmo aquela que aparentemente mostra não ter nenhuma importância.
É de uma excelente ascese submeter o inconsciente ao espírito, de maneira mais completa, e quanto mais submetemos nossas impulsividades, mais caminharemos com calma na senda da evolução.
Passado o estado de purificação, resta o estado de perfeição. Eis aqui os conselhos do Mestre.

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.10 - A GRÉCIA - PITÁGORAS - 4ª PARTE - VERSOS ÁUREOS

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

7.10
A GRÉCIA

PITÁGORAS – 4ª PARTE
VERSOS ÁUREOS

A CULTUTA PESSOAL

a) A CULTURA MENTAL – Sê senhor de ti mesmo – Sabe, pois, que deves dominar as tuas paixões, sendo sóbrio, ativo, casto. Não te encolerizes nunca.

É um fato que já tivemos ocasião de sublinhar, porém que necessitamos viver; o iniciado deve ser senhor absoluto de suas paixões. Se não for sóbrio, permitirá os prazeres mais materiais do corpo, que lhe perturbarão a inteligência, encobrindo também a chama do pensamento sob os vapores da bebida ou da nutrição excessiva.
Mesmo sob o ponto de vista mais prático, o corpo do adepto deve estar sempre em condições de excelente firmeza e não será senão por uma higiene alimentar severa e bem compreendida que ele evitará as doenças.
O iniciado deve ser casto. Aqui, castidade não se entende por abstenção. Pitágoras, era casado, pai de família e permitia aos seus adeptos os legítimos prazeres do lar conjugal. Não é, pois, a questão de suprimir uma função que, considerando bem, tem alguma coisa de sagrado, como meio de transmissão de vida, como meio de permitir à alma a sua evolução.
Mas, se ele é normal em amar a sua esposa, é culpado em se deixar arrastar pela volúpia, sacrificando-lhe a paz do coração pelos trabalhos que lhe prepara. É necessário que o adepto modere os surtos de seu coração, tanto como os sentidos; é-lhes indispensável guardar a harmonia, que é o fim de sua preparação.
Não se deve deixar arrastar pela cólera, que é má conselheira e que não produz nenhum bem.
A cólera, Leva-nos muitas vezes a fazer mal aos outros, mas é principalmente nociva àquele que se deixa levar pelo seu império, espalhando de repente as suas reservas nervosas que o tornam sem forças para cumprir o bem.

SER HONESTO, FRANCO E JUSTO – Sê irrepreensível diante dos outros e diante de ti mesmo. E, acima de tudo, respeita-te a ti mesmo. Que toda a tua vida, que todas as tuas palavras se inspirem na mais pura justiça.

Certamente, é mau, dar exemplos culpáveis e o escândalo não produz senão o mal; mas, aquele que fizer o bem apenas por jactância, será um hipócrita, uma espécie de Tartufo.
É preciso amar o bem por si mesmo e cumprir o dever porque se deve cumprir.
O homem que tem uma justa e alta opinião de si, não tem necessidade de ser orgulhoso, mas, se ele pensa que é igual aos outros e que existe nele uma parcela de divino, respeitará este eco do infinito, esta flama eterna e não consentirá em profanar-se com a execução de atos inferiores.
Aquele que sabe o que é a verdade, não consentirá em mentir para agradar; não desejará inferiorizar, mesmo com um fim aproveitável, a centelha que deve transmitir a novas existências e que é o incomunicável dom de Deus. Eis porque a justiça é o primeiro dever. Deus, fez tudo tendo por alvo a perfeição e nós não o podemos imaginar favorável a um em detrimento de outro. Tal como um caprichoso favoritismo.
Se quisermos subir para Deus, devemos harmonizar as nossas tendências às suas, e a justiça, deve ser o principal fim da nossa evolução.

SER REFLETIDO – Não adquiras o hábito de viver maquinalmente, mas reflete bem que a morte é o nosso destino comum, e que as riquezas materiais podem ser adquiridas ou perdidas com a mesma facilidade.

Devemos tomar interesse à vida que nos rodeia. O mundo é um livro no qual aprendemos sem cessar. Se nós prestássemos uma atenção seguida, nada nos pareceria árido ou fastidioso. Rodeados pelo esforço constante da Natureza, tomaríamos gosto pelo esforço, e a luta nos pareceria melhor ainda do que a vitória.
Não são tesouros materiais que devemos pedir a esta luta. Que nos importam as riquezas? À morte, elas não terão utilidade alguma, e durante a vida serão, talvez, um peso mais doloroso do que agradável.
O avaro vive sem alegrias; recusa as satisfações mais inocentes; depois, a morte vem e, deste tesouro tão caramente disputado contra as mais agradáveis alegrias, não ficará nada senão os pensamentos que têm manchado a sua alma e abaixado o seu espírito.
É a muito custo, por um resultado tão negativo, que se priva da doçura de fazer felizes aqueles que o rodeiam?
Não será, mesmo para aquele que dá, mais prazer de ver o rosto daquele que escapa ao mal, à inquietação, do que demonstrar um frio mortal do qual se tira nenhuma satisfação.
A verdadeira alegria não está em sustentar os seus irmãos e conduzir o seu auxílio a todos, sob todas as formas?
O verdadeiro tesouro é o bem do espírito, e este não se adquire com os tesouros acumulados pelo avaro.
Quando a morte nos deixar nus e com as mãos vazias, todas estas vãs riquezas não valerão nada.
Aproveitaremos unicamente os benefícios e os trabalhos que desenvolveram o nosso coração e a nossa inteligência.
É nesta elevação da nossa personalidade psíquica, que se acha a verdadeira senda do iniciado.

TRABALHAR COM CONFIANÇA – Quanto à sorte que te foi reservada pelas leis divinas, por mais rude que seja, não te revoltes, porém, suporta-a com serenidade, esforçando-te em melhorar o teu meio. Os deuses, efetivamente, preservam os Sábios dos males maiores.

Aquele que sabe que o seu destino é merecido, não deve revoltar nunca. Tudo o que vem de Deus, é justiça. As nossas condições atuais de saúde e fortuna, são uma resultante de nossas existências precedentes. Se nós sofremos, é ao nosso passado que devemos atribuir tal sofrimento.
Não nos devemos revoltar contra o credor que reclama o que lhe é devido. A nossa existência atual está ligada aos nossos ciclos anteriores e a quem a comanda.
Não se deve contrair dívidas, senão se deseja sofrer o vexame de as ter que pagar. Tal é a justa noção que devemos ter das desigualdades sociais; a revolta não faz senão agrava-las. Quando obtivermos esta verdade primordial, resta-nos melhorar a nossa situação futura, não emitindo maus pensamentos, afastando de nós todos os sentimentos maus, realizando boas ações que depuram a nossa pessoa do que os antigos estados tinham deixado de mau.
Esta vida é triunfo do nosso esforço pessoal; muito podemos pelo nosso esforço, pela nossa educação de espírito; muito podemos sobre a saúde de nosso corpo, pelo exercício de uma sóbria e regular.
Podemos dar grandes alegrias, abrindo a nossa alma aos ritmos mais altos, comunicados do coração e do espírito ao Espírito superior.
Penetrados desta verdade, suportaremos com calma, a nossa sorte. Devemos ter confiança, porque aquele que faz esforço para um fim louvável, vence geralmente o que lhe agrada empreender.
Não é preciso esperar nem do acaso nem da morte uma orientação melhor de vida.
A morte virá como um julgamento, e não como um auxílio.
Quem poderá mostrar como ação, o que ele usou de um modo estéril para atingir a uma libertadora morte?
Temos uma dívida a pagar? Paguemo-la, pois, de boa vontade e veremos que, aceitando os deveres de nosso estado, fazendo esforços para uma situação melhor, perceberemos crescer a alegria, o equilíbrio, a saúde, a serenidade.
O sábio é preservado pelos deuses dos maiores males, porque aquele que vive em conformidade com as Leis superiores as observa em cada uma de suas ações.
Unido a Deus, nada teme; escolheu a paz e esta parte que é a melhor, não lhe será recusada.
Vê o bem em todas as coisas, tudo lhe sorri porque não pede aos seres senão o que eles podem dar.
A Natureza é-lhe maternal e sorridente, porque ele se aplica em compreende-la e ama-la.

SER TOLERANTE E PACIENTE – A Verdade e o Erro, encontram-se misturados nas opiniões humanas. Abstem-te, pois, de aprova-las ou rejeita-las totalmente, a fim de conservar a tua harmonia. Se o erro triunfa momentaneamente, afasta-te e tem paciência.

Por toda a parte, duas forças estão em presença: uma força ativa ou positiva e outra força passiva ou negativa.
No domínio das idéias, estão a Verdade e o Erro.
Tanto quanto somos submetidos às condições da vida, tal como nos é imposta neste mundo, não poderemos conhecer senão uma verdade relativa, necessariamente colorida pelo erro, e que é antes um equilíbrio do que uma segurança completa. É preciso, portanto, escolher o mais estável equilíbrio, a verdade mais isenta de erro, porém, com a certeza de que não há nada absoluto.
Para ser bem posta em valor, a luz tem necessidade da sombra; tanto que não nos possamos colocar no domínio divino, a verdade tem necessidade do erro, para combater, triunfar, fazer imperar uma verdade mais apurada, mais cintilante do que aquela que se tinha primeiramente, e que continha mais erros.
É este sentimento que nos obriga a uma extrema circunspeção.
Quem pode ter a certeza de possuir a verdade?
Nem entre nós, mesmo o mais sábio. Assim, quando uma opinião nos é manifestada, se ele não leva alcance à vida, aos bens ou à honra de outrem, temos o dever de combate-la com muita cortesia. Os arrebatamentos, as palavras causticantes, não servem senão para cavar um fosso maior entre aqueles que não se compreendem. Não é preciso rejeitar em conjunto, mas empregar o tempo em julgar, em raciocinar, pois, pode produzir uma grande vantagem daquilo que nos manifestou. Mas, se também o que, após estudos, nos pareceu mau e perigoso, tem o aspecto de triunfar, não é preciso entrar em discussões vãs; é preciso afastar-se e esperar do futuro a verdadeira certeza.

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domingo, 30 de novembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.9 - A GRÉCIA - PITÁGORAS - 3ª PARTE - VERSOS ÁUREOS

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS
7.9
A GRÉCIA
PITÁGORAS - 3ª PARTE
VERSOS ÁUREOS
PURIFICAÇÃO
O CULTO DA FAMÍLIA – Amar a seus pais – Cumpre bem os teus deveres de respeito para com teu pai, tua mãe e todos os teus parentes.
Para preencher estes deveres tão caros ao coração de todo homem de bem, é necessário que o adepto desenvolva em si os sentimentos afetivos, que sinta profundamente o reconhecimento que devemos a todos aqueles que nos deram a vida e cujos cuidados nos conservaram durante os débeis anos de nossa vida.
Aquele que caminha em uma boa estrada, deve criar e manter a harmonia da família, a fim de que a terna atmosfera que deve reinar não seja perturbada. Aquele que realiza esta doçura íntima em torno do lar, pode atingir logo às harmonias superiores, porque começou a realizar no domínio que lhe era submetido.
O laço que está criado ao redor do lar, deve chegar até Deus, origem e fim de toda a harmonia.
É nesta harmonia superior, que se devem contrair as mais doces amizades e, alargando sem cessar as fronteiras de seu coração, aquele que ama os seus amigos, chega a prezar em todo o ser, a sua parte afetiva, a sofrer em tudo o que geme, a participar das exaltações em tudo o que vibra.
O adepto deve amar tufo; sentir profundamente a dor, qualquer que ela seja, e mesmo no misterioso animal que é o enigma para o homem.
O coração do iniciado deve abrir-se à Natureza inteira; porém, para amar a Natureza, não basta sentir-se transportado por sua beleza em certos lugares, em certas horas, é preciso ser comovido pelo trabalho e o sofrimento, que são todos os graus da escala dos seres, mesmo daqueles que nos parecem insensíveis.
"Um espírito puro cresce sob o malho das pedras" – diz Gerard de Nerval, em um dos seus poemas, onde comenta esta parte especial dos Versos Áureos, que tanto apaixonaram os sábios.
Encontramos aí, uma das mais belas formas existentes deste amor universal, que deveria unir todos os seres, criando uma harmonia que, se fosse realizada, conduziria um auxílio poderoso à evolução, não somente de cada homem, porém, ainda, da humanidade e do mundo.
Mas não é preciso limitar-se a uma ternura vaga para criaturas muita distantes, para pedir um efeito direto de nossa parte.
Certamente, o homem deve amar a família e expandir o seu coração na imortalidade da Natureza, mas deve escolher amigos e ama-los com devotamento.
O CULTO DA AMIZADE – Amar aos seus semelhantes – Escolhe para teu amigo o homem melhor e mais virtuoso. Obedece aos seus doces conselhos e segue o seu exemplo salutar. Esforça-te para não te afastares dele por um erro mesmo leve, na medida do possível, pois a Vontade está ao lado do Destino como poder diretor da nossa evolução.
Vemos por este que, segundo o ensinamento de Pitágoras, é preciso ampliar o círculo da família, mas antes de se contrair um amigo, aquele que quer uma afeição durável, deve começar por escolher com muito cuidado este amigo, ao qual ele se decide a confiar. Não é preciso ceder a uma impulsividade, mãe da desilusão; é preciso perguntar se é preciso achar um amigo seguro no companheiro adotado. Para chegar a esta alegria, não é preciso consultar nem egoísmo nem interesse, nem procurar qualidades e virtudes que nos torne aproveitável, sob o ponto de vista de nosso aperfeiçoamento, a assistência do ser escolhido.
Existe apenas a necessidade de sublimar a importância de nossos amigos sobre o nosso espírito, especialmente na mocidade. Vimos, todos, exemplos deploráveis de seres encantadores perdidos, por seus erros, por sua fraqueza para com os seus amigos indignos.
É preciso eleger um amigo de sólidas virtudes, de uma retidão a toda prova, de um julgamento que nos possa servir de guia nas nossas incertezas.
É preciso escutar o conselho da amizade; se o conselho de nosso amigo nos irrita no momento em que não podemos duvidar da sua sinceridade, é que estamos percorrendo um caminho errado e que nos desviamos para um caminho agradável, porém perigoso. É preciso aceitar a reprimenda de um amigo prudente, refletindo no perigo que ele nos mostra; devemos, muitas vezes, a um amigo fiel a nossa salvação, sendo que a nossa amizade aumentará por esse novo serviço que nos desgostava primeiramente, porque a nossa tendência preferia que nos lisonjeassem em vez de nos servirem.
Há dois fatores na vida; certamente o Destino é poderoso, mas, a vontade é também uma fonte diretora e ela é capaz de modificar o que o Destino nos anuncia como ciladas e entraves.
É necessário, pois, fazer a educação de sua vontade e rodear de sua amizade daqueles que, nos momentos em que o espírito se obscurece pela paixão, a dor ou a cólera, nos traz a sua clarividência como um farol no meio dos recifes.
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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.8 - A GRÉCIA - PITÁGORAS - 2ª PARTE - VERSOS ÁUREOS

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

7.8
A GRÉCIA

PITÁGORAS – 2ª PARTE

VERSOS ÁUREOS

PREPARAÇÃO

O CULTO DA DIVINDADE – Ter uma Religião. – Antes de tudo, rende aos deuses imortais o culto prescrito pela lei. Guarda também a tua fé jurada. Reverencia depois, como convém, aos heróis sublimes e os espíritos semideuses.

Primeiramente, rende aos deuses imortais o culto prescrito pela lei.
O sábio pede aos seus adeptos que não se separem da religião na qual foram educados. Todos os cultos valem ao olhar daquele ao qual são prestados. É, pois, um dever participar das cerimônias que lhe são prestadas em homenagem.
Mas, ainda que a religião seja o nosso primeiro dever, o adepto deve reconhecer o seu Deus por toda a parte, sempre presente na natureza.
Os ritos têm por fim criar uma harmonia entre os cidadãos, em os animar em conjunto à concepção de um ideal elevado.
Pelos pensamentos que esta harmonia impõe, em todas as horas e épocas, sempre os mesmos, o povo encontra-se mantido sempre acima do nível de seus interesses materiais.
Eis porque os ritos são necessários.
Mas não é preciso imaginar que a Ciência e a Fé, sejam termos antínomos. À base da Ciência, uma idéia preconcebida, portanto uma fé, impõe.
Sem o conhecimento de Deus, a Ciência não saberia remontar a esta Causa inicial, origem de todas as coisas, que é o seu verdadeiro fim.
Para que o mundo exista, é preciso o exercício de uma vontade criadora. É, pois, de toda a necessidade conhecer e admirar Deus em si mesmo, para encontra-lo em suas obras.

Guarda a tua fé jurada.
Aí existe o sinal de uma das altas virtudes pelas quais os pitagóricos se distinguem. Como os “quakers” da América do Norte e da Inglaterra, alguns mesmos não admitem o juramento; bastava que eles tivessem prometido ou afirmado alguma coisa, para que o conhecimento que se devia ter de alguma dignidade, não permitisse dúvida a ninguém.
Não somente a mentira era-lhes proibida, mas ainda a menor infração à palavra dada.
Um verdadeiro adepto morreria antes que faltasse à palavra.
É um exemplo que não seria muito seguido. Aquele que abaixa a seus próprios olhos, a ponto de poder transgredir a verdade, por qualquer interesse que fosse, abaixaria a sua própria alma e decaia no seu ideal, que é, portanto, o fim de sua vida.

Venera como convém, os Heróis sublimes e os Espíritos dos semideuses.
Como tantos outros textos, este preceito demonstra que os antigos acreditavam na existência de seres intermediários entre os homens e os deuses. Tais seres eram os grandes homens que produziam ações acima da humanidade ordinária. São os matadores dos monstros, os fundadores das cidades, os benfeitores d humanidade.
Estes heróis, enviados pelos deuses como apoios ou instrutores, formavam o objeto das grandes lendas e suas proezas voavam sobre a lira harmoniosa dos poetas. Aquele que tinha compreendido a sua vida magnânima, enfeitada de todas as belezas de forma poética e da música, sentia-se encorajado a imitar as suas empresas, a dar a sua vida à sua cidade, por sua pátria; tinha o desejo de se distinguir por atos magnânimos, e o nome dos poetas iniciadores como Orfeu, sustentava aqueles que teriam talvez caminhado em um gênero inferior.
Os heróis, sábios e gênios, eram para a antiguidade, o que os santos são em nossos cultos. Eles são, para todos os modelos de que o homem pode fornecer quando é sustentado pelo sentimento do divino.
Eis porque a lenda dos heróis não deve deixar jamais de ser espalhada; eis porque o grego os venera, porque ele sabe que não atingirá senão tardiamente o mundo das Forças infinitas que os deuses representam. Mas Hércules, Teseu e Orfeu, são homens e, entretanto, a glória e a veneração os rodeiam, porque têm mérito e enfrentam friamente a morte, libertando-se do mundo dos desordeiros e das feras que terrificam os seres sem defesa. Um tal ideal merece um culto. É a esta necessidade de admiração dos seres que nos servem de modelos, que corresponde o culto dos heróis e dos semideuses.


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domingo, 16 de novembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.7 - A GRÉCIA - PITÁGORAS - 1ª PARTE

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

7.7

A GRÉCIA
PITÁGORAS
1ª PARTE

Pitágoras que foi posterior a Orfeu, ensina as mesmas verdades, com o mesmo fim a atingir.
Aquele que segue os seus ensinamentos pela ambição gloriosa de vir a ser Deus, não é submetido à morte e ao renascimento.
A prática de sabedoria conduz aos mesmos resultados, mas o que é típico em Pitágoras, é a ausência de toda preocupação ritual. O ensinamento de Pitágoras, posto que respeitando as práticas religiosas e seus adeptos, desenvolve-se mesmo em uma certa medida, é, em si mesmo, exclusivamente, laico. É o único exemplo que encontramos na antiguidade. No Egito, o culto estende as suas cerimônias; na Grécia, os ritos de Orfeu em honra de Dionísio, o culto de Demeter e de Perséfone, tal como se praticavam em Eleusis, revestiam um caráter essencialmente religioso.
O ensinamento iniciático não se separa da religião, contenta-se em magnificar, penetrando em seus símbolos, em que se descobre o sentido oculto mais belo do que todas as imagens.
Pitágoras conheceu a existência de Deus, mas não lhe eleva altares. Ele não dá forma ao culto que o homem deve à divindade. Deus está em toda a parte, em todas as coisas, e o iniciado deve-lhe as suas homenagens e o seu respeito, mas na própria natureza.
Não lhe consagra, pois, ritos, festas solenes, nem sacrifícios. Deus está presente, sem cessar, no pensamento do adepto, e esta preocupação constante força-o a fazer uma homenagem de todas as suas ações ao Criador que as vê e as julga.
Pitágoras nasceu em Samos em 569 A . C. Seus pais eram opulentos; fizeram-lhe dar uma instrução muito vasta.
Não ignorava nada do que se ensinava no seu tempo: filosofia, matemáticas, poesia, música e todos os exercícios do corpo, sem os quais um grego não vivia. Esta educação terminada, o jovem, impelido pelo desejo de se instruir, empreendeu uma viagem de estudos. Visitou sucessivamente Lesbos, Mileto e toda a Fenícia.
Conheceu ele os mistérios órficos? Foi ele iniciado? Nada permite supor tal coisa.
O que podemos contar como certo é que ele voltou ao Egito e aí fez uma longa estadia. Recebeu certamente a iniciação nos Templos de Isis e Osíris.
E no decorrer de um período de 22 anos que ele passou nesse país, de 547 a 526 antes da nossa era, que a sua iniciação e seus trabalhos fizeram-lhe adquirir estes profundos que fizeram dele um dos mais maravilhosos, senão o maravilhoso espírito da Humanidade.
O Egito era reputado por seus mistérios e todos aqueles que desejavam possuir a sabedoria corriam a esse país para obter a iniciação. Pitágoras foi e obteve todo o saber que possuíam em seu tempo.
Os Egípcios – diz ele - eram reservados e contrários à profanação da sua sabedoria, tornando público o que revela o conhecimento de Deus. Os mais sábios e prudentes dos Gregos testemunharam: Sólon, Tales, Platão, Eudoxio, Pitágoras e, depois de alguns deles, Licurgo mesmo, iam pedir a sua instrução aos sacerdotes deste país.
“Sabe-se que Eudoxio teve conselhos de Chonofeus, que era de Menfis, Sólon foi dirigido por Sonchis de Sais e Pitágoras por Enufeus que era de Heliopolis”.
“Pitágoras era tido em grande estima por seus antigos mestres e deu lugar a que se acreditasse que ele era muito estimado porque quis imitar a maneira mística de falar em palavras encobertas e de ocultar a sua doutrina e as suas sentenças sob palavras figuradas e enigmáticas, porque as cartas que se chamam hieroglíficas no Egito, são todas semelhantes aos preceitos de Pitágoras”.
É assim que ele ordena: “não comer nunca sobre uma cadeira, não sentar nunca sobre uma medida, não plantar palmeiras e não atiçar fogo, no interior de uma casa, com uma espada na mão”. (Traité d´Isis et d´Osiris).
No momento em que Cambises levou todos os desastres e todas as desordens da mais brutal invasão, Pitágoras partilhou da sorte dos sacerdotes egípcios aos quais estava ligado.
Foi transportado à Babilônia e foi aí que se ligou aos sacerdotes caldeus, que lhe revelaram muitos conhecimentos na parte da iniciação em que eles eram senhores do mundo conhecido, a astronomia e a astrologia, das quais não se separavam.
Foi ao curso desta comunhão com os magos (comunhão que durou 12 anos), que ele foi iniciado na magia e nos conhecimentos especiais dos colegas iniciados caldeus, sobretudo no que se relacionava à adivinhação.
Depois de uma ausência de 34 anos (22 no Egito e 12 na Caldéia), Pitágoras voltou à Grécia. A sua intenção era formar uma escola onde pudesse ensinar a doutrina que ele formara ao curso de longos estudos. Entregou-se, pois, à Crotona, onde os poderes públicos o autorizaram a fundar esta escola, cuja reputação veio a ser tão grande em toda a Grécia antiga.
O ensinamento pitagórico comportava experiências como todas as iniciações antigas, mas estas experiências não eram as mesmas que eram impostas aos adeptos de outros agrupamentos.
O fim era o mesmo. Era a ascensão do homem para a sabedoria divina e imortal beleza.
Quanto às provas, o lado material tinha sido grandemente simplificado. Nada de terrores nas intermináveis galerias subterrâneas, nada de poços, cuja vertigem houvesse de enfrentar-se, nada de lutas materiais contra o Fogo, a Água e o Ar; era preciso, todavia, assegurar-se da resistência física e moral do novo adepto, da sua persistência, da vontade. Fisicamente, os exercícios do estágio compensavam. Moralmente, o silêncio imposto fazia função dos trabalhos eliminatórios.
Este silêncio durava de dois a cinco anos.
O estágio de preparação tinha grande importância, porque nenhum adepto o aceitava sem ter sofrido um exame minucioso.
Proibia qualquer manifestação muito viva, todo abalo inconsiderado. Não eram propícios à meditação, à seriedade, à profundeza de julgamento incompatível com o transporte das idéias. Era a prática do adágio: “CONHECE-TE A TI MESMO”.
Pitágoras falava a esses novos eleitos da Causa primordial, daquele que é, ao mesmo tempo, Um e Todo, que os povos figuraram sob mil formas, porém, que não possui nenhuma e cujos aspectos são apenas símbolos que se admitem para tornar mais acessível o impenetrável conhecimento divino.
É a Um e ao Todo, que é preciso fazer começar a origem das coisas e, se ela nos parece misteriosa, é devido à inferioridade de nossa inteligência, incapaz de se elevar a semelhantes alturas.
Instruía também seus discípulos sobre o objeto da vida atual.
Para Pitágoras, esta vida é o resultado de muitas outras; ela é somente um estágio de aperfeiçoamento na senda que nos dirige para o divino.
As alegrias e penas que nos acontecem são apenas o resultado das nossas ações passadas. É fácil, como se vê, aparentar o ensinamento pitagórico com a teoria búdica do Carma.
O dever da existência presente era, pois, eliminar o mal adquirido nas vidas anteriores e preparar-se para as vidas futuras pelo exercício das virtudes.
Era necessário submeter-se a uma ascese severa e a uma forte disciplina; elevar o pensamento e abrir o coração aos sentimentos altruístas; assim viria a reparar os erros do passado, a abrir o espírito à senda triunfal do futuro.
Uma parte muito importante do ensinamento de Pitágoras era o estudo dos números sob o ponto de vista simbólico e místico.
A crer no sábio de Samos, “os elementos dos Números são os elementos de todas as coisas”.
Importava conhecer os Números em si mesmos e nas suas relações com a natureza, de tal maneira que se pudessem penetrar, quanto estivesse nas possibilidades do espírito humano, os ritmos essenciais que modificam a matéria.
Por infelicidade, tudo o que pôde ser escrito sobre o ensinamento dos números e de suas leis foi absolutamente perdido e nós não poderemos possuir mais nada, senão textos vagos de lembranças que nos permitem reconstruir o pensamento do sábio.
O terceiro grau da iniciação pitagórica era a senda da perfeição.
Aquele que havia passado com sucesso os dois primeiros estágios, que tinha escutado no silêncio absoluto os ritmos da criação, que era identificado à vida dos seres, devia agora se identificar a Deus, para revestir-se, segundo a palavra de Pitágoras, “da forma de Um Deus Imortal”.
A recompensa deste esforço magnânimo era a sabedoria que é sobre a terra, a promessa da imortalidade. Nada mais lhe era oculto. Ele adquiria novos deveres. Os verdadeiros adeptos deviam espalhar-se pelo mundo para fazer conhecer a doutrina que haviam recebido.
Foi assim que, em muito pouco tempo, a escola se tornou conhecida no mundo inteiro e que a mais alta moral de Pitágoras ganhou terreno rapidamente.
Mas este belo clarão devia ser de pouca duração. Em seguida uma revolução, uma luta ardente estabeleceu-se em Crotona, entre o povo e a aristocracia, à qual pertencia a escola pitagórica.
Aqueles que não compreendessem a sublimidade de um tal ensinamento eram naturalmente opostos. Por isso, o seu primeiro cuidado foi por fogo neste Templo do Espírito que eles não sentiam o dever de lhe pertencer.
Aqueles que eram discípulos, que não tinham sido massacrados pela plebe furiosa e que não conseguiram fugir, pereceram nas chamas.
Alguns dizem que Pitágoras sofreu esta sorte, outros afirmam que o ilustre velho pôde refugiar-se em Taranto, e que morreu 470 anos A . C.
Salvo tradições bastante incertas, não nos resta grande coisa da iniciação pitagórica. O único documento ao qual podíamos ajuntar como importante, é aquele que nos foi conservado por Lisias: Versos Áureos, que parecem ser uma coleção de máximas morais e iniciáticas para uso dos discípulos que deviam decora-las, como dissemos.
Para tomar ao menos parte no ensinamento de Pitágoras, é necessário notar-se este documento. Ele foi traduzido em diversas partes por adeptos cuidadosos em conservar-nos este alto ensinamento de um espírito dos mais puros que a terra pôde conhecer. Hiérocles, publicou-os no começo da era cristã. Relativamente, Fabre d´Olivet, traduziu-os e comentou-os. Mais recentemente ainda, o Dr. Paulo Carton, deu uma excelente tradução de que nos serviremos nas nossas citações.

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domingo, 5 de outubro de 2008

RESUMO DAS SETE INSTRUÇÕES

Resumo das Sete Instruções

“Pai se vedes que estou trilhando o caminho que conduz à Verdade e ao Bem, que não me faltem os recursos necessários!”

Limitado pela escassez de espaço e de meus conhecimentos para resumir em duas páginas as Sete Instruções obrigatórias recebidas, apresento itens inclusos nas mesmas.
São elas tão importantes que mesmo não havendo Aprendizes, em uma sessão de Grau I, a Instrução será ministrada para recapitulação e recordação de seus ensinamentos.
. É imprescindível, porém, que os Irmãos, ao receber seu Ritual, façam dele seu “livro de cabeceira”, não apenas acompanhando sua leitura na “Ordem do Dia”, mas acima de tudo, praticando os ensinamentos nele contidos.
O título de Aprendiz significa em qualquer dos ritos, “um que aprende”. Eis porque os Irmãos desse Grau não têm direito de discutir e votarem os assuntos em debate dentro da Loja, salvo os que referirem à admissão de profanos, filiações ou regularizações de outros Irmãos. Enquanto não alcançar a plenitude dos seus direitos, a missão do Aprendiz resume-se em estudar, ouvir¸ ver e calar.
Ao iniciar este trabalho, verifiquei logo no início da primeira instrução um ensinamento muito profundo que é: O aperfeiçoamento humano, desvencilhando-se o homem de seus defeitos e paixões, para poder igualmente junto com seus irmãos dedicar-se à construção do edifício da moral da humanidade, obra primeira da Maçonaria.
A união da família maçônica, fraterna, leal e sincera, forma uma corrente de elos tão fortes, capaz de remover montanhas.
Citada tantas vezes, ”desbastar a Pedra Bruta”, de grande e elevado significado, consiste em trabalhar no desbastamento das arestas da mesma para adquirir conhecimentos do simbolismo e da respectiva interpretação filosófica orientados pelos nossos Mestres.
As três colunas de nossa Loja, Sabedoria, Força e Beleza, são a nossa orientação e a sustentação perante todas as dificuldades apresentadas no dia-a-dia. Paralelamente, irmanadas do mesmo espírito de divindade, encontramos três palavras de grande significado moral: Fé, Esperança e Caridade que devem ornar o espírito e o coração de qualquer ser humano e principalmente dos maçons, cujos ensinamentos de moral, de amor ao próximo, de fraternidade, devem ser espalhados aos quatro ventos da Terra.. A sinceridade, a coragem e a perseverança, deverão ser companheiros inseparáveis do maçom.
A existência do Grande Arquiteto, Criador do Universo e de tudo que existiu, existe e existirá é uma verdade comum entre nós. Crer num ente superior não é exclusivo do maçom, mas de qualquer um que consiga observar ou sentir a natureza.
A Maçonaria é um culto para conservar e defender a crença na existência de DEUS, para ajudar o Maçom regular a sua vida e conduta sobre os princípios de sua própria religião.
A Maçonaria tem tido todo o cuidado de não definir o G.’.A.’.D.’.U.’., deixando plena liberdade aos seus adeptos para que dele façam uma idéia, de acordo com a sua fé e a sua filosofia. Nada se inculca aos neófitos, nem se lhes pede menhum ato de fé, em relação a qualquer revelação sobrenatural.
O Pavimento de Mosaico (ou simplesmente Pavimento Mosaico) formado de ladrilhos quadriláteros, alternados em branco e negro, símbolo de relevante importância. O significado simbólico compreende várias interpretações, sendo a mais comum a mistura das raças, das condições sociais¸do dualismo em todoxs os aspectos exotéricos e esotéricos.
A rigor todo o piso da Loja deveria ser ladrilhado com alternância do branco e negro; por comoididade e economia, é feito apenas um símbolo e colocado na parte central e nobre.
Os Irmãos das suas colunas observam frontalmente esse pavimento para ter sempre presente o simbolismo do dualismo. O dualismo impõe uma escolha; não se pode abarcar ao mesmo tempo a presença e a ausência, o dia e a noite.
A Solidariedade, ou seja, “União”, correspondência daqueles que estão unidos por um ideal, de modo que, o que afeta um, afeta também o outro.
A Solidariedade é ação recíproca. Na Ética, é o dever moral de assistência entre os membros de uma sociedade, que se julga formando um todo.
Em Maçonaria, a idéia de solidariedade é apresentada com maior ênfase e como a própria base da fraternidade que deve existir entre os Maçons.
O maçom cultiva a Solidariedade, não apenas no aspecto da solidariedade, mas na forma do misticismo, na permuta dos pensamentos, na Cadeia de União, nos bons e maus momentos. Este sentimento é continuamente lembrado pelo giro do Tronco de Solidariedade que circula em todas as Reuniões Maçônicas.
Um templo maçônico é sustentado por 12 colunas que representam os 12 signos, assim, fica claramente demonstrado o quanto que simbólicamente o nosso Templo representa o Universo. Temos também as romãs, que mostram os bens produzidos pela influência das estações, representam as L ojas e os maçons espalhados pela superfície da terra; suas sementes intimamente unidas nos lembram a fraternidade e a união.
Mas, para podermos estar em condições de receber a Luz da verdade, cuja doutrina tem por base O Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, é necessário desvencilharmo-nos dos defeitos e paixões, simbolizados no desbastar das asperezas da Pedra Bruta.
Trabalhando do meio-dia à meia-noite, com o maço, que representa a inteligência e o cinzel, a razão; inteligência e razão nos tornam capazes de discernir o Bem do Mal.
Na Maçonaria, para só falarmos de um número, dizemos que tudo gira em torno do número três; é empregado em variadas facetas dos trabalhos, dos embremas e dos escritos maçônicos; desde a bateria do Grau, de sua idade simbólica. A entrada do Templo, na marcha deste Grau, o maçom desenvolve três passos terminados por três esquadrias; em seguida faz três saudações às três Luzes que representam três virtudes: Sabedoria, Força, Beleza. Simboliza esotericamente os três pontos que apomos ao nosso nome, as qualidades trinárias que devem ornar todo coração formado na forja maçônica¸ quais seja o Amor (Sabedoria), a Virtude (Força) e a inteligência (beleza).
Convém se ter em vista o lema principal da Ordem, definido em três palavras inspiradoras de três princípios: Liberdade, Igualdade, Fraternidade.
Concluindo – Procuramos selecionar e apresentar, dentro de cada uma das sete instruções, o tema que mais nos cativou o espírito, louvado em nosso julgamento ou apreciação pessoal. Se nos fosse perguntado qual o critério adotamos para opção dos assuntos abordados em duas páginas, diria que foi o mesmo que usaria para fazer um retrato falado em sete minutos, das regiões de meu Brasil.
Falaria das belezas naturais do Pantanal, a maior bacia inundável do mundo, de sua vegetação e fauna variadas; da arquitetura de Brasília; discorreria sobre os grandes rios das bacias Amazônicas e Tocantins, do “Rio Mar”, da vegetação, da floresta tropical, do estrondo da pororoca; realçaria a contribuição do negro escravo e de sua contribuição; dos imigrantes estrangeiros e da migração dos nordestinos, das atrações de Campos do Jordão/SP, de Ouro Preto/MG, das praias catarinenses, do Parque Nacional do Iguaçu; das Serras gaúchas; da pradaria que se perde no horizonte do Rio Grande do Sul; da Imagem do Cristo Redentor, engastado no alto Corcovado/RJ; do Sol de ouro, do céu de anil, onde desponta o Cruzeiro do Sul e assim resumiria o amor que devoto a Maçonaria e ao meu País.

Valdemar Sansão – M.’.M.’.
vsansão@uol.com.br

Fonte de Consulta – Obra “Benvindo à Maçonaria” - Valdemar Sansão (aguardando publicação).

NOSSA LOJA

NOSSA LOJA
Colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia.
Cometemos grandes erros, mas quem é tão perfeito que não falta com seu juramento em pequenas coisas? Eventualmente todos erram, mas não desistimos de continuar trabalhando. No decorrer dos tempos perdemos grandes amizades, mas aprendemos que aqueles que realmente são verdadeiros maçons nunca estarão perdidos.
O importante é que neste mesmo tempo se construiu a confiança, o respeito, a tolerância e o carinho. Continuamos plantando a semente da fraternidade.
Hoje nos sentimos fracos, mas amanhã recomeçaremos. Talvez não aprendemos todas as instruções necessárias, mas temos consciência que os verdadeiros ensinamentos já estão gravados em nossas almas.
Talvez algum de nós esteja deprimido por olhar ao lado e não ver presente aquele Irmão; mas ficamos felizes com os outros que aqui estão. E alguns que se foram, desertaram e não nos procuram com assiduidade, basta-nos saber que eles existem, mas não podemos dizer-lhes a viva voz o quanto gostamos deles. Eles não iriam acreditar.
E às vezes, quando os procuramos, notamos que eles não têm noção de como eles são necessários, de como são indispensáveis ao equilíbrio da Loja, porque eles fazem parte desta Oficina que construímos e se tornaram seus alicerces. Por isso é que, sem que eles saibam, nós rezamos pela vida deles. Sentimos porque não estão compartilhando conosco do prazer da convivência. A gente não faz Irmãos, reconhece-os. Provavelmente foi por isso que o Mestre Maior ensinou: “Onde houver dois ou mais em meu nome, ai eu estarei”.
Talvez não tenhamos motivos para grandes comemorações. Mas não deixaremos de nos alegrar com as pequenas conquistas.
Talvez, às vezes, tivéssemos a vontade de abandonar tudo, mas, quando as feridas são curadas, ao invés de fugir, corremos atrás do que almejamos e qualquer realização passa a ser possível.
Talvez não sejamos quem gostaríamos de ser, mas, mesmo assim, nos admiramos do que somos. Porque no final sabemos que, mesmo com incontáveis dúvidas, somos capazes de construir um mundo melhor.
E se ainda há os que não se convenceram disso, é porque: “ainda não chegou o momento”. Porque se alguém não tem a certeza de que a fundação de nossa Loja valeu a pena é porque não tocamos seu coração, mas fizemos o melhor que pudemos.
É na Loja maçônica que se olvidam as preocupações, que se calam receios, se perdoam os agravos, se consolam os muitos sofrimentos e se avivam as esperanças. Ali se conciliam desencontradas idéias, interesses opostos, contrárias crenças, suavizando as asperezas da vida (desbastando a pedra bruta) com a temperança. Ali está a Oficina permanente do bem.
Na Loja maçônica se educa o modo de ser, o gênio, o humor, o caráter, se aviva a inteligência e se cultiva o espírito do indivíduo ou do grupo. É ela o refúgio aonde vamos à busca da paz, aonde o amor continuamente floresce e a bondade perdura. É o centro de solidariedade, onde todos sofrem as aflições e comemoram o justo regozijo.
Uma Loja feliz é o que mais importa já. É fisicamente pequenina, mas tem muito amor para dar. Fizemos tudo que esteve ao nosso alcance para criar um ambiente tranqüilo e de harmonia.
E mesmo quando a tristeza insiste nada pode ser triste quando se tem esperança...!
Tenhamos em mente que cada um dá o que tem e todos são importantes, desde que façam o seu trabalho com amor e seriedade.
Nestes trinta e quatro meses não conseguirmos nos fixar em um Templo adequado, não foi obstáculo para o nosso crescimento de espírito e de conhecimento. O inconformismo não invalida à busca da felicidade.
O trabalho maçônico deve ser de total união e fraternidade. Pouco importa o número de participantes. Aliás, os pequenos grupos costumam ser mais eficientes porque é mais fácil harmonizar sete do que setenta e sete pensamentos. Aí devemos olhar o céu e ver aquele mundão de estrelas, todas juntinhas sem competir, sem se esbarrar e sem nenhuma empanar o brilho da outra..Isto é milagre? ou exemplo do Criador do Universo?
Não é sequer a simultaneidade de palavras; o processamento dos trabalhos maçônicos nos diversos Ritos (Ritualística), da música conduzida pelo trabalho do mestre de harmonia ou de atos exteriores como o “bate papo” do “copo d água”, que constitui a Sessão maçônica, mas a base, a parte essencial, consiste na comunhão de nossos pensamentos.
Quando tivermos, o que é normal segundo a lei das afinidades, alguma rejeição, ojeriza ou antipatia de um obreiro, passamos a descobrir as qualidades que aquele Irmão fatalmente terá; mesmo porque, se não as tivesse, não teria sido iniciado. Somos um conjunto de qualidades e defeitos. Se em vez de criticarmos ou destilarmos veneno mental na direção de alguém, desculpássemos a sua ignorância e valorizássemos o seu esforço, veríamos que ninguém é tão mau como parece, nem tão irresponsável ou imbecil como muitas vezes o definimos. Afinal, a mente das pessoas é terra onde ninguém passeia. Desconhecemos o que há lá dentro, suas dores e traumas, e, portanto, não devemos ser juízes apressados e levianos. É possível que se estivéssemos na mesma situação da outra pessoa nós seriamos ainda mais ridículos!
Amar ao irmão que nos ama é fácil! Difícil é amar aquele que se declara inimigo. Mas este, observadas certas circunstâncias, é o melhor irmão, porque é franco e honesto em demonstrar isto. Muito difícil mesmo é aquele que elogia, bajula e usa a amizade para dar vazão a sua vaidade, tirar vantagens e colocar-se acima dos outros. É aquele que na hora de trabalhar está cheio de compromissos inadiáveis e urgentes, e na hora de colher o resultado do trabalho quer ser o primeiro para receber o aumento de salário. O irmão verdadeiro busca afinidades, faz despertar sentimentos que atraem espontaneamente para si, simpatia , união e amor fraterno.
Antes de estarmos em desarmonia na Sessão, pois isso prejudica todo o conjunto e os trabalhos não se realizam satisfatoriamente, procuremos colaborar ensinando com paciência, sem orgulho, aquele que vai aprendendo a se deixar orientar sem se sentir melindrado ou humilhado. E todo aquele que ensina também tem algo a aprender. Não há ninguém tão sábio e perfeito que não tenha algo mais a conhecer e a corrigir.
Caríssimo Irmão faça o que ama, pois quem faz o que ama, está caminhando para o sucesso que chegará quando for a hora, porque o que deve ser será, e chegará de forma natural.
Não devemos fazer nada por obrigação ou por compromisso; apenas por AMOR.
Louvada seja a Maçonaria que nos fez Irmãos. Bendita seja nossa Loja que o escolheu para ser seu Obreiro. Sinta orgulho de fazer parte dela. Seus Irmãos precisam de você!

Valdemar Sansão – M.’.M.’.
vsansao@uol.com.br

QUEM É MEU IRMÃO?

QUEM É MEU IRMÃO?

“Senhor, se meu Irmão pecar contra mim, quantas vezes eu deverei perdoar-lhe? Até sete vezes? – Disse-lhe Jesus: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mat. l8:21-22)

É sabido que só os Irmãos de sangue possuem características comuns que conduzem ao afeto sólido e desinteressado, cultivando o amor familiar.
A Maçonaria resolveu sugerir aos seus iniciados o tratamento cordial e afetuoso de “irmão”, que o receberam com todo o agrado, sem nenhuma restrição, passando a ser uma norma obrigatória nos diversos Corpos da Instituição.
Já no Poema Regius, também chamado de “Manuscrito de Halliwell’ do ano de 1390, o mais antigo que se conhece, recomenda o tratamento de “caro irmão” entre os maçons. Por isso o tratamento de Irmão dado por um Maçom a outro, significa reconhecimento fraternal, como pertencente à mesma família. De fato, traduz uma maneira de proceder muito afetiva e agradável a todos os corações dos que militam em seus augustos Templos. Assim passaram os iniciados ao uso desse tratamento em todas as horas, quer no mundo profano, quer no maçônico. Há um certo grau de satisfação quando nas Lojas maçônicas, partilhamos de momentos gratificantes de bem estar espiritual para o convívio em união. É na verdade uma extensão da nossa própria família e os laços de amizade e fraternidade ali estabelecidos, só poderão ser comparados aos do mesmo sangue.
A essência da Fraternidade é o amor; os maçons dedicam muito amor uns para com os outros; é essa prática que funde o sangue para que haja no grupo uma só criatura.
O bem-querer, a tolerância e a Fraternidade dentro da Loja transformam o homem em criatura dócil, espontânea e fiel, apta a desempenhar a cidadania no mundo profano.
A rigor, o amor fraternal deveria estender-se a toda a humanidade; no entanto, ainda não estamos preparados para isso.
Fisiologicamente, os Irmãos provindos dos mesmos pais são denominados de “germanos”, que em latim significa “do mesmo germe”. Na Maçonaria não há esse aspecto; porém, a Fraternidade harmoniza os seres por meio da parte espiritual; diz-se que os maçons são Irmãos porque provêm da mesma Iniciação, os mesmos modos de reconhecimento e foram instruídos no mesmo sistema de moralidade; morrem na Câmara da Reflexão para renascerem produzidos ou procriados por meio do germe filosófico que transforma integralmente a criatura, refletindo-se no comportamento posterior.
Os Maçons, qualquer que seja o seu grau, dão-se o tratamento de Irmão. Este tratamento existe em todas as sociedades iniciáticas e nas confrarias, onde o seu significado é a condição adquirida com a participação de um mesmo ideal baseado na amizade. É o tratamento que se davam entre si os Maçons operativos.
Além da amizade fraternal que deve uni-los, os Maçons consideram-se irmãos por serem, simbolicamente, filhos da mesma mãe, a Mãe-Terra, simbolizada pela deusa egípcia Ísis, viúva de Osíris, o Sol, e a mãe de Hórus. Assim os Maçons são, também, simbolicamente, irmãos de Horus e se autodenominam Filhos da Viúva.
Os membros de nossa Ordem são estimulados a praticarem um modo de vida que produza um nível elevado em suas relações com seus Irmãos, assim como, com toda a humanidade. Em outras palavras, é preciso não perder o significado e emprestar dignidade a expressão IRMÃO, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo; que cada um de nós se torne útil segundo as capacidades e os meios que o Grande Arquiteto do Universo nos colocou nas mãos para nos provar; que o forte e o poderoso devem apoio e proteção ao fraco, pois aquele que abusa de sua força e de seu poder para oprimir seu semelhante faz desaparecer o sentimento da personalidade.
Quando os homens tiverem se libertado do egoísmo que os domina, viverão como irmãos, não se fazendo nenhum mal, ajudando-se mutuamente pelo sentimento natural da solidariedade; então o forte será o apoio e não opressor do fraco, e não se verão mais homens desprovidos do indispensável para viver, porque todos praticarão a lei da justiça.
Para melhor descrevermos a importância do tratamento “Irmão”, é preciso mencionar a egrégora, atuação da força-pensamento coletiva de pessoas reunidas num local, emitindo vibrações fortes e idênticas, pensamentos da mesma natureza, animado de força boa ou má, conforme o gênero dos pensamentos emitidos. Cada Loja possui a sua egrégora. Em muitas Lojas se forma uma antiegrégora. É quando os Irmãos lá vão para aparecer, disputar primazia, brigar, discutir cargos, assumir a postura divina de donos da verdade, etc., etc..
Membro ativo é o maçom que freqüenta assiduamente a Loja e cumpre com as obrigações estatutárias. A Loja conta com a presença assídua de seus associados. É dever do maçom dar assistência à sua associação, sob pena de enfraquecê-la e até adormecê-la.
Membro adormecido é o maçom que deixa de freqüentar a Loja, licenciado ou eliminado, com a chance de sempre poder retornar à freqüência.
Outro elemento de vida e valor que deve ser observado e ocorre com muitos Maçons em Lojas e Potências podemos chamá-lo “chorão”. É o que vê a vida como um terremoto: o chão ameaçando a abrir, o mundo caindo sobre ele. Corre desesperado para lugar algum ao encontro do nada. Não devemos receber esses estados depressivos, com a idéia de que estaremos ajudando o Irmão a carregar seu fardo.
Há, também, o “desagregador” criador da discórdia e do sofrimento. Sua atmosfera mental fica carregada de uma força destruidora. Vai a Loja dominado por sentimento de angústia, de obrigação institucional, com ódio, melindres e ressentimentos para gerar culpa ou acusações ou tentar criar tensões nos demais e jamais se entender com os que divergem de suas opiniões. Planta a semente da desintegração nos que são suscetíveis às suas influências. Sua mente se torna como que uma nuvem escura que encobre a luz e o poder da verdade. Ele abafa sua alma com pensamentos maus. Regozija-se com o mal de seus irmãos, pois, no seu orgulho, imagina que o não afetará. Aqueles que se deixam fascinar pelas suas falsidades, não podem ver a verdade e são levados a crer que o falso é justo, que só a vontade egoísta triunfa. Suportar este tipo de Irmão em Loja não é aconselhável, pois ele está tirando o valor da vida dos Irmãos e impondo a sua. Não os condenem, esses por si se destroem.
Outro problema na Loja maçônica são Irmãos “Cometas” com aparições inesperadas, trocam a festa, a TV, o passeio, a viagem, pela tarefa que assumiram livremente. Quando o Venerável lhes cobra comportamento responsável, zangam-se. O argumento usado é que eles dão a sua colaboração à Loja e têm o direito de comparecer quando lhes convier. Afinal, trabalham de graça e têm seus compromissos particulares para atender. Se o dirigente for rigoroso, é comum que se afastem da Oficina, procurando abrigo no pedido de licença ou até do quite placet. É da máxima importância que todos aprendamos a conhecer o poder dos que podem causar males, assim como para fazer o bem.
Estamos todos sujeitos a cometer erros. Ninguém alcançou a alta posição em que se ache tão livre do erro, que possa julgar com retidão todas as causas que levaram seu Irmão ao erro, e quando alguém chega a esse estado, não condena; compadece-se das condições limitadas de seu Irmão e procura fazer-lhe mais fácil a vida pela alegria e a bondade. Perdoemos nossos erros, pois até o direito de errar é sagrado, desde que corresponda ao intransferível dever de assumir a conseqüência do que se praticou.
Saibamos reconhecer os nossos defeitos para vencê-los. É ao estudarmos o que nos desagrada em nossos Irmãos que chegaremos a eliminar os nossos defeitos, que são muitas vezes semelhantes. Isto nos incitará à benevolência. Sejamos tolerantes para com as opiniões e os atos dos nossos semelhantes. Aprendamos a perdoar as ofensas que nos são feitas. Não tenhamos senão sentimentos, atos e pensamentos positivos.
Esqueçamos nossas desavenças, nossas dificuldades, passemos ao entendimento mútuo, e nos irmanemos em torno do bem e da tolerância.

Valdemar Sansão – M.’.M.’.
vsansao@uol.com.br

OS TRÊS PONTOS MAÇÔNICOS

OS TRÊS PONTOS MAÇÔNICOS

A palavra ponto originou-se do Latim, punctus, significando um sinal ou uma mancha que se assemelha a picada de agulha.
Na matemática podemos exemplificar, classicamente, que uma reta é representada pela união de dois pontos eqüidistante, que se liga.
Na maçonaria os três pontos, simbolicamente, vieram a ter uma conotação histórica e tendo regra definida.
A regra dos três pontos maçônicos veio a ter uma metodologia própria e obedecendo a uma ordem para iniciar ou terminar um titulo ou um termo técnico maçônico, adquirindo a forma de triângulo. Exemplos: G.: A.: U., G.: L.: M.: M.: G.:, ETC.
1. Colocamos os três pontos após as primeiras silabas ou as primeiras letras dos vocábulos: Ap.:, Mac.:, M.:.
2. Para resumir algumas expressões, sem que haja confusão e prejuízo: S.:C.:R.:C.:(Soberano Capítulo Rosa Cruz).
3. Simbolizando alguns plurais: M.:M.:.
No século VI, o Imperador Justiniano, proscreveu obrigatoriamente os manuscritos abreviados, abrindo a procedência para as escolas usarem as escritas abreviadas.
E posteriormente Felipe, o Belo da França, decretou a Lei proibindo a escrita abreviada em todos os atos jurídicos e atos notórios, evitando a falsificação dos documentos.
A proibição da abreviatura em documentos e atos jurídicos até hoje procede.
Na maçonaria a prevalência dos três pontos, pelos maçons, é uma marca simbólica e permanente até hoje, nos tempos modernos.
Markely, Encyclopedia of Freemasony, afirma que: ”não é um símbolo, mas simplesmente uma abreviatura.Por conseguinte, a tentativa que se fez de ir buscar a sua origem nos três yods hebraicos, signo cabalístico do tetragramaton, ou em outro símbolo útil, é uma abreviatura e nada mais.”
Há indícios que os três pontos tiveram origem na maçonaria Francesa, alguns autores contradizem e relata que a maçonaria Inglesa é a que deu origem aos três pontos. A partir desta época inicia-se adoção dos três pontos pela maçonaria mundial.
Reagon revela “Ortodoxia Maçônica” “Os três pontos foi utilizado em uma circular de 12 agosto de 1774, onde se lia G.: O.: de FRANCE.” Felipe Chapuis contradiz Reagon, mencionando que os três pontos já eram encontrado em escritas nas atas da loja “La Sincerité”nas eleições de 3 de dezembro de 1764, dez anos antes da data cita por Reagon”. E encontram quadro tipos diferentes de abreviaturas.
1. Em forma de triângulo e repousando sobre a base
.:
2. Em ângulo reto, dois pontos um sobre outro e ao lado.
:.
3. Em triangulo sendo o vértice á direita.
. :
4. Em forma de reticência.
...
Há uma versão interpretativa que os três pontos é herança dos ROSA CRUZ, surgindo no século XVII.
Na Antiguidade e na Idade Média e até a Idade Moderna houve uma grande influencia da numerologia, com esta ciência veio o surgimento de grandes sábios, como Pitágoras (segundo a historia um grande maçom) que tinha os números como princípios de todas as coisas.
“Os antigos numerológos têm Deus como Unidade Absoluta e Primordial Mondadas dos Mondadas, A Matérias e a Díade (Dualidade) indefinida, Principio do Mal. Os antigos gregos consideravam o inimigo, o vocábulo díabolo originando do Cristianismo retrato do Diabo.”
O numero três, símbolo da Tríade, da criação, representa a transmutação, da manifestação e da renovação, esta ligada intimamente, maçonicamente, ao Aprendiz, representando simbolicamente as três viagens, as marcha, a idade, etc.
Ao colocarmos os três pontos após o nome temos que relembrar o compromisso feito na nossa iniciação onde juramos segredo sobre tudo que visse e ouvisse.


CARLOS GOMES DA SILVA .’. M.’.M.’.
paloma@vet.ufmg.br

BIBLIOGRAFIA:
Aslan, Nicola. Cap. Estudo sobre os três pontos maçônico.In. Estudo Maçônico Sobre Simbolismo. RJ. Ed. Grande Oriente do Brasil, 1969. pág. 45-56.

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.6 - A GRÉCIA - ORFEU

7.6
A GRÉCIA
ORFEU

Orfeu passa por ser o mais antigo grego de cuja história conservamos a lembrança.
Não nos resta nem uma prova de sua existência material, e nós estamos no direito de perguntar se ele viveu realmente ou se este nome é de um grande iniciado ou mesmo de um grupo iniciático, destinado a espalhar na Grécia os ensinamentos necessários.Cícero pôs em dúvida a existência do maior dos poetas. Porém, Orfeu ficou sendo sempre a mais bela expressão do poeta iniciado que aplicou toda a magia de sua arte ao serviço da verdade!
Segundo a tradição, Orfeu teria nascido na Trácia. Desde sua infância, aquele que devia ficar sendo o protótipo da pureza e da harmonia, manifestou os dons mais empolgantes de espírito e de inteligência.
Chamado por sua vocação para ser o iniciador mais artista de todos os povos, Orfeu se dirigiu mais à sensação do que ao pensamento puro ou a juízo. Certamente, tinha que revelar verdades eternas e dar ensinamentos àqueles que deviam caminhar sobre os seus passos, guiando-os para uma compreensão mais alta e melhor da divindade.
É pela música e a poesia que Orfeu poderá vir a ser o grande mestre. São estes, pois, os meios que emprega o grande iniciado.
Uma das Musas inspira-o e é por isso que a tradição observa que ele era o filho da Musa Calíope, a virgem de belos cantos, porque nenhum dos recursos do Verbo lhe foi recusado.
Atribui-se a Orfeu o estabelecimento dos Mistérios de Dionisios, na Grécia.
Para dar-se crédito à lenda, foi ele que fundiu em uma só a religião Doria, que adorava a Zeus, com os mitos novos vindos do Mediterrâneo.
Sua lira de 7 cordas simbolizava, a ordem perfeita, a ordem do espírito, assimilada aos sete astros do céu.
Cada corda representava um modo de expressão intelectual: ciência, arte, etc. A chave deste simbolismo harmonioso está hoje perdida.
Parece certo que Orfeu tirara do Egito a Ciência Secreta que levava a seu povo.
Retomando a tradição iniciática, Ed. Schuré diz: “Subitamente, este moço, que se chamava filho de Apolo, desapareceu. Dizia-se morto, descido aos Infernos. Tinha fugido secretamente para a Samotracia, depois para o Egito, onde ele pedira asilo aos sacerdotes de Menfis”.
Tendo atravessado os seus Mistérios, voltou ao fim de 20 anos sob o nome de Iniciado, que ele havia conquistado por suas experiências e recebido de seus mestres, como sinal de missão.
Chamava-se, então, Orfeu ou Arfa, o que quer dizer: “aquele que cura pela luz”. (0s Grandes Iniciados).
Segundo a lenda órfica, o Inferno encantado cedeu ao poder de Orfeu; sua mulher Eurídice foi-lhe entregue. Foi pelo poder de seu ritmo que ele pôde penetrar no Tártaro, seduzindo os seus guardas inflexíveis.
Tanto quanto o sentimento de um trabalho é cumprido, ele é um guia e um sustentáculo; Orfeu continua a sua obra, a sua salvação; mas, na volta, não deve vencer senão a si mesmo. Ele jura, mas é vencido na formidável luta que sustentou contra a própria vontade. Não devia voltar-se para ver o rosto amado. Perdeu Eurídice e não pôde encontrar um consolo para a sua pena senão nos trabalhos e perigos de sua missão civilizadora.
Os trabalhos que a lenda atribui a Orfeu são aqueles que o iniciado deve cumprir.
O som de sua voz e da sua lira, simboliza este domínio sobre os ritmos sagrados que o iniciado de alta classe demonstra.
Ele sabia que o nosso dever é libertar a alma da prisão de seu corpo, e seu meio imediato era o entusiasmo para a beleza. Mas este meio é transitório e seus efeitos são efêmeros
A libertação vem lentamente, e não sem custo, porque a morte não faz senão levar a novas existências. É para expiar uma falta que a alma está ligada à matéria; é porque ela não soube eliminar o que tem de material que recomeça as suas dolorosas migrações nos corpos que lhe são impostos.
Como mais tarde Pitágoras, Orfeu admite a transmigração das almas, os males ou bens que lhes são dados segundo cada existência própria, e esta existência mesmo fixada pelo julgamento que segue a morte precedente, dizendo que se viveu bem ou mal.
A iniciação uniu o homem a Deus, representado aqui por Dionísio.
No domínio moral, o homem que quer elevar-se deve estar voltado para Deus, voltar para ele os seus pensamentos, destacar-se da matéria, respeitar Deus nas suas criaturas e, destacando-se de tudo o que é mortal, preparar-se para uma vida imortal que não será mais submetida à morte nem à conseqüência do renascimento.


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MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.5 - A GRÉCIA - OS MISTÉRIOS DE ISIS

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

7.5
A GRÉCIA
OS MISTÉRIOS DE ISIS

Os Mistérios de Isis, que estudamos no Egito, sobreviveram na Grécia e exerceram uma grande influência.
É verossímil que estes Mistérios sofreram profundas modificações. As cerimônias magníficas foram suprimidas, os ritos simplificados. Isis, na forma egípcia, não foi jamais, propriamente falando, uma divindade adorada na Grécia.
Mas, o que é certo é que este culto foi a origem de novas formas religiosas e filosóficas. Pode-se afirmar que os cultos isíacos foram os inspiradores de numerosos cultos e de diversos agrupamentos secretos, de que os mais célebres foram os Mistérios de Eleusis que, com elementos, completamente transformados, haviam conservado a fórmula religiosa e um ritual tão complicado quanto harmonioso. São os Mistérios que guardam os ensinamentos do grande Orfeu. Os ensinamentos de Pitágoras, ainda que profundamente penetrados de ensinamentos do Egito iniciático, foram exclusivamente laicos. Seus iniciados não rendiam a Deus um outro culto senão o de seu próprio aperfeiçoamento e sua adoração não se traduzia por cerimônias de espécie alguma.
Veremos, em seguida a este estudo, que Pitágoras não veta seu ensinamento propriamente dito, mas restringe, por diversas medidas e experiências severas, o número daqueles que se tornam seus discípulos, não guardando senão aqueles que eram verdadeiramente dignos.
Consideramos hoje este conhecimento como uma idéia das mais simples e naturais, porém homens foram mortos – Sócrates é o mais célebre – por terem falado abertamente em uma época onde esta certeza não se confiava senão aos iniciados dos Templos.
O iniciado recebia comunicação da doutrina dos renascimentos corroborando a da imortalidade da alma.
Plutarco resume este ensinamento com a legítima altivez do iniciado, quando diz: “O vulgo crê que não existe mais nada além da morte. Para nós, iniciados como todos somos nos ritos secretos de Baco e testemunhas destas cerimônias santas, sabemos que existe um futuro”.
Este futuro era muito explicitamente demonstrado. Segundo as lições secretas, a alma existia antes do corpo, e estava em vista de um aperfeiçoamento para o qual era submetida às encarnações sucessivas, que a punha em constante e cruel contato com a matéria. Esta matéria devia acabar por ser submetida; mas antes era preciso que ela fosse dominada pelo espírito, que ela se destacasse tão completamente quanto possível.
Os mistérios ensinavam, pois, uma superior moral, feita para divinizar o homem, dar-lhe a mais alta consciência de seus deveres e de sua personalidade.
Aos olhos dos adeptos, a iniciação era a passagem desta vida a uma vida quase divina.
Vê-se que o iniciado, no Egito, devia, em última análise, sofrer a experiência do sepulcro, deixar-se enterrar, morrer, em uma palavra, merecendo assim o nome dado aos adeptos hindus, o de dwija: duas vezes nascido.
É o mesmo na Grécia, e todos os heróis, todos os grandes desceram aos infernos. Vê-se por Ulisses, Hércules, Orfeu e Teseu que, por diversos motivos, desceram ao reino da sombra e se tornaram vencedores.
Morrer e ser iniciado se exprimem por termos semelhantes.
Segundo a característica que se queria fazer representar pela lenda, dava-se ao iniciado um ou outro motivo para esta descida aos Infernos, mas os trabalhos e os resultados eram sensivelmente os mesmos.
No Egito, a crença geral era que, quando o julgamento que segue o morto era favorável, ele ia gozar a felicidade perfeita, confundindo-se na luz clara e eterna de Amom-Ra.
Na Grécia, o morto vivia no Tártaro ou nos Campos Elísios, segundo o que ele tinha merecido por sua vida precedente.
No ensino místico, tanto na Grécia como no Egito, uma nova vida começava para o defunto.
Os Mistérios de Isis foram os inspiradores de todos os Mistérios que se espalharam logo em todos os paises civilizados, como também os dos Cabiras, os deuses do fogo, adorados na ilha de Chipre, de Júpiter em Creta, de Mitra na Pérsia e na Ásia Menor, de Baco e de Ceres na Grécia.
Estes últimos celebravam-se, sobretudo, em Eleusis e reclamam um estudo particular.
São ainda, como vimos, aos Mistérios de Isis que se referem aos ensinamentos de Orfeu e de Pitágoras, este último puramente moral e social, ao contrário do primeiro que unia mística à poesia.
Os três maiores movimentos iniciáticos que floresceram na Grécia, foram os de Orfeu, Pitágoras e os Mistérios de Eleusis.

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domingo, 28 de setembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.4 - A GRÉCIA - HOMERO

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

7.4
A GRÉCIA
HOMERO

Há muito que se pergunta se as obras de Homero contêm um ensinamento iniciático e muitos autores antigos decidiram a favor da afirmativa.
Efetivamente, certos textos são bastante prováveis nesta forma de ordem dos fatos.
A magia reina no domínio destes poemas. É por magia que Circe muda em porcos os companheiros de Ulisses, caídos em seu poder, ao passo que Ulisses a dominou, porque a força de vontade do iniciado domina sempre o que vem dos sentidos e do psiquismo inferior.
Ulisses é, além disso, o símbolo perfeito do iniciado. Quando ele deve enfrentar as Sereias, que simbolizam as ciladas deliciosas da Natureza, ciladas mortais sob a aparência agradável, tapa os ouvidos de seus companheiros, agarrando-se ao mastro do navio para não cair na deliciosa cilada.
Os oráculos de Cassandra se relacionam aos fenômenos intuitivos, mas, se devemos crer nos Alexandrinos, Homero contém ensinamentos de uma bondade mística muito mais alta.
Nenhuma obra, a este respeito, é mais característica do que o Antro das Ninfas.
Este antro está situado na ilha de Itaca. É um lugar sagrado que encerra as riquezas do iniciado.
A descrição do antro, tal como Homero nos mostra na XII rapsódia da Odisséia, é bastante para atrair a glosa de Porfírio, cuja tradução devemos a Pierre Quillard:

À entrada do porto cresce uma oliveira de grande copa,
Junto a ela se abre o antro amável e tenebroso,
Consagrado às Ninfas que denominamos Náiades,
Dentro, existem crateras e ânforas
De pedra, onde abelhas constroem suas colméias;
Há também longos trabalhos de pedra nos quais as Ninfas
Tecem panos tintos de púrpura maravilhosa à vista;
Ali também correm fontes inesgotáveis e existem duas entradas:
Uma para o Bóreas, deixa descer os homens;
Outra para o Notos, é para os deuses,
E jamais por ele entrarão os homens; porém, esse é o caminho dos imortais.

Este antro é a imagem mística do destino das almas; é o símbolo, e um detalhe não é sem importância nesta singular alegoria. O antro, dizíamos, é o mundo e tem duas aberturas: uma para os homens e outra para os deuses; os visitantes, de uma natureza tão diferente, jamais erram a porta.
O antro cheio de sombras é doce e fresco, e o murmúrio das fontes torna-o ameno, apesar das suas sombras.
E a explicação de Porfírio começa por certificar que o trecho de Homero não era arbitrário nem fantasista:
“Neste ponto – diz ele – não há uma fábula imaginada ao acaso por simples prazer do espírito e não contém mais a descrição de um lugar, porém, é preciso ver uma alegoria do poeta que colocou misticamente uma oliveira perto do antro”.
A oliveira, árvore de Palas, é uma árvore sagrada entre todas e o lugar desta árvore pacífica, no limiar do antro dos iniciados, bastaria para atrair a atenção, porque não é nas tempestades de cólera nem nos tumultos de ambição que Deus consente em se revelar aos mortos.
O antro, segundo Porfírio, é o símbolo do mundo. É para ele que as almas descem nesta vida material, e é por ele que elas voltam ao mundo superior.
Por que um antro? Antes de tudo, os antros e grutas, devido ao seu aspecto de sala preparada de antemão por uma potência desconhecida, sempre pareceram misteriosos e sagrados.
“Os antigos – diz Porfírio – consagravam os antros e as cavernas ao Mundo considerado em sua universalidade ou em suas partes: tomavam a terra por símbolo da Matéria de que é composto o Mundo; aí se pensava também que era pelo motivo da terra designar a matéria e significava por antros que o Mundo era composto pela matéria”.
É, pois, desprendendo-se da matéria, esclarecendo-a pela luz que lhe é exterior, que vem toda beleza que lhe é acessível, a fazer brotar as formas que ela é suscetível de tomar. E Porfírio faz observar que, mesmo os Persas, para fazerem compreender por um símbolo a descida da alma na matéria e a sua ascensão no mundo da Luz, dão o nome de caverna ao lugar onde se passa a iniciação, a fim de que o iniciado se desprenda inteiramente da matéria e dos encantos que possui o mundo sensível.
“Os antros eram dedicados às Ninfas e sobretudo as Náiades que velam as fontes e tiram o seu nome das águas de onde decorrem”.
As fontes, cuja origem era uma espécie de prodígio para os antigos, era-lhes sagradas.
As Náiades, as Ninfas são as energias personificadas da matéria e este antro, onde as águas correm perpetuamente, “não simbolizam a essência inteligível, mas a substância unida à matéria”.
Tomado pelo simbolismo destas águas que vêm não se sabe de onde para nascer à luz, Porfírio acrescenta que as Náiades “são almas que desejam nascer”.
Quanto às crateras e as ânforas de pedra, são “os símbolos das Ninfas Hidríadas. Porque as ânforas e as crateras de argila são os símbolos de Dionisios”.
As crateras e as ânforas de pedra convêm muito às Ninfas que presidem as águas que brotam das pedras. E quais símbolos seriam mais bem apropriados senão os naturais para as almas que descem para a geração e a produção do corpo? Assim o poeta ousou dizer que, sobre estes meios, as Ninfas:

TECEM PANOS TINTOS DE PÚRPURA MARAVILHOSA À VISTA.

Como pertencentes às Ninfas, os lugares são de pedra, mas desde que a geração dos seres humanos começa a se manifestar, o simbolismo se precisa e eis aqui o que diz Porfírio:
“É nos ossos e em torno deles que se forma a carne: eles são de pedra no corpo dos animais e são comparados à pedra. Porém, os meios são feitos de pedra, e não de outra matéria”.
“E os panos de púrpura não são outros senão a carne unida ao sangue; efetivamente, os tosões de púrpura são impregnados de sangue e a lã é tinta no sangue e a carne vem a ser sangue. E o corpo é a vestimenta da alma e há um espetáculo admirável, quer seja considerada a composição ou a união com a alma”.
Falando das ânforas de pedra, Homero ajunta:

... ONDE AS ABELHAS CONSTRÓEM SUAS COLMÉIAS.

“Os teólogos serviram-se do mel para um grande número de símbolos diversos. Ele purifica e conserva: graças a ele muitas coisas vêm a ser incorruptíveis e as úlceras antigas são curadas por ele; é doce gozar e, em certas cerimônias, come-se o mel porque purifica a língua de todo erro”.
O mel é a nutrição dos deuses e é por isso que deve ser sagrado para os homens.
A própria abelha é sagrada e ela é a imagem de uma alma elevada.
A abelha é um animal instruído pelos deuses e a perfeição dos alvéolos onde ela distila o seu mel tem sempre causado a admiração dos observadores.
O antro das Ninfas tem dois destinos: um – diz Homero – está voltado para Bóreas, e o outro, mais divino, para o Notos e se pode descer por aquele que olha para o Bóreas, mas não se indica se é possível descer por aquele que esta voltado para o Notos, e diz somente que:

JAMAIS POR ELE ENTRARÃO HOMENS; PORÉM ESSE É O CAMINHO DOS IMORTAIS.

O Bóreas servia para a descida das almas. Quanto à região do Notos são reservadas, não aos deuses, mas àqueles que sobem para os deuses.
Por isso, Homero diz, não o caminho dos deuses, mas o caminho dos imortais, isto é, o caminho daqueles que são vitoriosos das experiências, que têm vencido a segunda morte; aqueles não nascerão e não morrerão jamais.
O símbolo da oliveira não é menos freqüente, nem menos admirável.

À ENTRADA DO PORTO CRESCE UMA OLIVEIRA DE GRANDE COPA,
JUNTO A ELA SE ABRE O ANTRO ......................................................................

“Não é por acaso, que esta oliveira surge ali, mas indica também a significação misteriosa do antro. O mundo efetivamente, não é nascido arbitrariamente e por acaso, mas é a obra do pensamento divino e da natureza inteligente; e, diante do antro, a imagem do mundo, está a oliveira, símbolo da sabedoria divina”.
Porfírio fala de uma época em que escritos iniciáticos, para atingir os iniciados, se arriscam de cair em mãos profanas; também escreve para mais leitores do que desejaria. Eis porque se defende de ter posto o que quer que fosse de pessoal na sua explicação que provém de uma tradição esotérica:
“Que não se tomem tais interpretações como forçadas e crendo que elas sejam conjecturas de homens sutis. É preciso notar qual era a sabedoria antiga e, cuidando como Homero e é sua exata consciência de toda a virtude, não negar que, sob a forma de mitos, ele ocultou misteriosamente a imagem das coisas divinas. Não podia efetivamente, deixar de fazer uma ficção completa e que não teve nenhum objeto verdadeiro por origem”.
O sentido secreto assim exposto por Porfírio corresponde ao pensamento de Homero? O fato é verossímil, porém muito difícil de provar.
Certamente, Homero está cheio de alusões místicas e nós encontraremos seus hinos quando tratarmos dos mistérios de Eleusis que tiveram importância tão grande na vida da Grécia.
Seja o que for, parece-nos interessante dar aqui, a título documentário, os trechos essenciais do trabalho de Porfírio, tendentes a demonstrar que Homero foi um grande iniciado e que, sob o agradável véu da ficção, seus poemas admiráveis continham alguns segredos de iniciação helênica.

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