domingo, 31 de agosto de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 6.6 - O EGITO - A INICIAÇÃO - 2ª PARTE

6.6
O EGITO
A INICIAÇÃO – 2ª PARTE

Depois das preces que vimos fazer sobre o iniciado, após haver chegado ao termo de suas provas, começa a verdadeira iniciação. Ela se fazia no interior dos templos. O novo adepto assistia às cerimônias e seu simbolismo era-lhe revelado.
Ele sabia porque Isis sentada tem um livro, porque Isis de pé,m conduz o sistro; porque Anúbis tem a cabeça de chacal e Thot a de íbis.
Começava a aprender os pequenos e grandes Mistérios de Isis.
O iniciado recebia a noção de um Deus único.
A última experiência que o devia conduzir à luz absoluta, mas esta luz não se manifesta senão àqueles que são mortos para as coisas do mundo.
Eis porque esta experiência tinha lugar em um sarcófago.
O adepto era colocado em um sarcófago aberto e devia passar toda a noite em meditação e prece. Deixavam-no inteiramente só neste leito funerário, no meio das mais expressas trevas e, apesar disso, o quadro deste abandono era de tal modo triste e sinistro que ele sentia o espanto deslizar sobre si mesmo e gelar a sua vontade. Era um momento cruel em que era necessário fazer brilhar o domínio que tinha adquirido sobre as suas impulsividades.
Dominava o seu espanto e, no silêncio absoluto, em tudo semelhante à morte, pedia a iluminação.
Certamente sentia a sua força vital abandonar o seu corpo; porém, que importa o corpo àquele que sabe que é apenas o invólucro transitório de um ser quase divino?
No Livro dos Mortos vimos que, segundo o julgamento que sucede à morte, o justo estava livre das cadeias terrestres e se identificava ao seu Deus, vindo a ser o próprio Deus, o próprio Osíris.
Era o mesmo para o sábio que passasse esta experiência do sarcófago. Isto não era a morte, mas a própria vontade do adepto que o desprendia de seus liames terrestres.
O adepto entrava vivo no túmulo e saía vivo, mas tendo penetrado antes na Luz de Osíris. É neste momento de desprendimento supremo que a revelação lhe é feita; era uma verdadeira morte; uma verdadeira renascença!
O sarcófago, sob o seu terrificante simbolismo, era encarregado de simular a morte do corpo físico e o renascimento do espírito sobre um plano superior. Era o fim do ciclo. Era uma vida inferior que terminava para que a alma pudesse romper no esplendor da verdade.
Saído logo do túmulo, na manhã desta noite mística, o iniciado renascia para uma vida espiritual mais elevada; recebia um novo nome; era iniciado em uma ordem superior. Tinha conquistado a coroa sacerdotal.
Compreendia então, perfeitamente este enigma da Esfinge, que lhe tinha dito primeiramente a necessidade de, Saber, Querer, Ousar e Calar. Tinha adquirido as ciências e, sobretudo, a ciência do invisível; a sua vontade bem dirigida, tinha vencido as suas impulsividades; sabia Ousar apesar do medo, com a medida que convém àquele que sabe combinar o seu esforço conforme os efeitos a produzir. Tinha perdido esta glória vã que conduz a revelar os segredos iniciáticos para mostrar o seu saber. Era aguerrido contra os inimigos, tanto exteriores como interiores.
A vida suprema estava começada e o iniciado compreendia agora a fórmula que o tinha surpreendido tanto no limiar dos caminhos iniciáticos:
“Quem fizer o seu caminho só e sem olhar para trás, será purificado pelo Fogo, pela Água e pelo Ar; e, se puder vencer o medo da morte, sairá do seio da terra, tornará a ver a luz e terá o direito de preparar a sua alma à revelação dos Mistérios da grande Deusa Isis”. Morto voluntário e temporariamente por um poderoso esforço de sua vontade dominada, via cair o véu de Isis, e esta inscrição também não era mentirosa. Ele não tinha tocado o véu da Deusa senão tornando-se imortal, unido a Deus desde esta vida; o véu ficava intangível à mão de todos os mortais. O livro era-lhe aberto; lia com embriagues, como o viajante que descobre uma fonte e banha o seu rosto para fazer penetrar a sua frescura no mais íntimo dos poros. Todo o véu cai diante dos olhos do espírito livre; não há segredos nem barreiras para o verdadeiro iniciado.
Apuleio, como testemunha do mistério que era exigido aos iniciados, do segredo ao qual se ligavam pela ameaça das penas mais temíveis; não era mais explícito no que concerne ao começo e ao fim da iniciação:
“aproximei-me dos limites da morte, passei junto do solo de Proserpina, e voltei através de todos os elementos. Ao meio da noite, vi o sol brilhar no seu ofuscante clarão; aproximei-me dos deuses do inferno, dos deuses do céu; eu os vi, pois, face a face, eu os adorei de perto. Eis tudo o que posso dizer, e, posto que os vossos ouvidos tenham percebido essas palavras, estais condenados a deixar de compreende-las”.
Eis aí tudo o que veio ou um pouco aproximadamente sobre as iniciações do Egito.
Pesquisas permitiram descobrir, metido na areia do deserto, a 40 metros da Esfinge de Ghizeh, um Templo de granito ou templo da Esfinge. Sobre este Templo, Al. Gayet diz: “Nenhuma inscrição; nenhuma pintura; nenhum baixo relevo; nada indica o destino deste velho santuário. Não é de se supor que isso possa ser o Templo de Osíris, mencionado no monólito de Khoufou. Era o templo de Hor-m-Khout – da Esfinge? Qual seria este Templo? Qual poderia ser o seu uso?”. Não poderia haver nisso um caso fortuito; o sacerdócio egípcio não deixava fazer coisa alguma ao acaso.
Só as escavações que continuam poderão esclarecer alguma coisa sobre os traços do mais prodigioso passado da humanidade.
Porque, como vimos, salvo as palavras de Plutarco e as insinuações de Apuleio, muito pouco nos veio dos Mistérios de Isis e de Osíris.
Muitos Gregos entre os mais ilustres, vinham estudar a sabedoria à sombra da Esfinge.
Entretanto, é verossímil que destas cerimônias iniciáticas nascessem os Mistérios de Eleusis, que Orfeu, segundo a tradição, adaptou ao gênio plástico da Grécia.
Em nossos dias, a Maçonaria afirma ter do antigo Egito as suas provas iniciáticas, reduzidas a fórmulas e símbolos que não são sem grandeza.
Em todo caso, aquele que quer vir a ser maçom deve passar pela provas do Fogo, da Água e do Ar, mesmo a da morte como o iniciado de Isis.
Outras instituições também buscaram no antigo Egito os seus rituais iniciáticos.
Em todos os tempos, os símbolos, muito idênticos, velaram os mesmos ensinamentos.
Ainda hoje, aqueles que desconhecem as origens iniciáticas, acreditam que os vários rituais que se praticam em diversas instituições são secretos e devem continuar assim. Não são secretos há mais de 3.000 anos, somente os pesquisadores e estudantes buscadores sabem que os rituais iniciáticos se originaram milênios de anos atrás, com a sabedoria vinda da China, Índia, Egito e de outros lugares como veremos em seguida.

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MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 6.5 - O EGITO - OS MISTÉRIOS DE ISIS E DE OSIRIS - A INICIAÇÃO - 1ª PARTE

6.5
O EGITO
OS MISTÉRIOS DE ISIS E DE OSIRIS
A INICIAÇÃO – 1ª PARTE

Como se concedia a iniciação?
É o que nenhum documento preciso nos afirma com certeza. Há, em diversos lugares, uma lenda que não parece despida de fundamento e onde se fala de terríveis provas, às quais eram submetidos aqueles que deviam, depois da vitória, serem admitidos à iniciação.
Estas provas, como em todos os ritos iniciáticos, eram praticadas nos Templos.
Os de Tebas e de Menfis guardaram o mais ilustre renome entre os santuários do Egito antigo.
A grande pirâmide de Kheops, perto da qual a esfinge guarda a sua atitude vigilante, foi também um lugar de iniciação, célebre entre os mais reputados.
Ante de tudo, o futuro iniciado era posto ao corrente das dificuldades da tarefa à qual ele ousava enfrentar.
Era conduzido até a estátua de Isis assentada, tendo sobre os joelhos um livro fechado e cujo corpo e rosto estavam cobertos por um véu impenetrável, onde estava escrito: “Eu sou a grande Isis; nenhum mortal levantou o véu que me encobre”.
A Esfinge com a sua quádrupla do enigma: Saber, Querer, Ousar, Calar. A sua data de construção é do tempo das dinastias fabulosas dos Shesú-Hor.
As pirâmides são muitas conhecidas, não sendo necessário a sua descrição.
A tradição relata que as iniciações sagradas se faziam em parte na Esfinge e em parte na grande pirâmide que continha salas especiais para esse fim.
O Abade Terrason, em um romance fala sobre o herói Séthos, que está animado do mais vivo desejo de ser iniciado. Séthos tem por dever instruir-se e preparar-se por meio de longos trabalhos para as revelações que ele solicitou.
Amadeu, seu mestre, enfrente a grande pirâmide lhe diz: “Seus caminhos secretos conduzem os homens queridos dos deuses a um termo que eu apenas não posso citar e que é preciso que os deuses, façam nascer em vós o desejo. A entrada da pirâmide está aberta a todo o mundo; mas eu lamento aqueles que saindo pela mesma porta por onde entraram, não tenham satisfeito senão uma curiosidade muito imperfeita e só tenham visto o que lhes é permitido contar”.
Séthos entrou no caminho das provas; porém, que provas eram estas?
1- A da Terra: dois iniciados o levam por um corredor estreito até um lugar sem outra saída senão a abertura por onde tinham entrado.
À claridade de uma lâmpada, via-se um poço de uma profundidade desmesurada, era a morte certa. O poço parecia insondável.
Aqueles que não tinham coragem, detinham-se. O terror privava-os dos meios de descobrir o segredo de um acesso fácil.
Na sombra, dissimulavam-se os degraus de ferro que permitiam ao pretendente descer. Os degraus acabavam subitamente, muito antes que o adepto pudesse atingir ao fundo e o pretendente cria-se votado a uma morte certa.
Entretanto na sombra do poço, uma espécie de janela acessível depois do último degrau, levava para outro caminho nas profundezas que terminava em frente a um portal, atrás dele escadas com claridade e sons de vozes humanas o conduzia a um Templo, onde havia o caminho das purificações com esta inscrição: “Quem fizer este caminho só e sem olhar para trás, será purificado pelo fogo, pela água e pelo ar; e se puder vencer o terror da morte, sairá do seio da terra, tornará a ver a luz e terá o direito de preparar a sua alma para a revelação dos mistérios da grande Deusa Isis”.
Aquele que não retrocedia, avançava pelo corredor que levava a uma porta, onde três homens portavam capacetes levando a cabeça de Anúbis, era a porta da morte que conduzia ao renascimento, e um deles dizia: “nós não estamos aqui para impedir o teu caminho. Segue-o, se os deuses te derem coragem. Mas, se sentes infeliz, podes voltar sobre teus passos; podes ainda voltar. Todavia, desde este momento, não poderás sair mais destes lugares, se não saíres agora a toda pressa pela passagem que se abre diante de ti, sem voltar a cabeça e sem recuar”.
Era de uma clareza perfeita e o candidato tinha ainda a liberdade de escolher – para sofrer as provas inevitáveis ou voltar à vida ordinária.
Geralmente, prosseguia a senda e era neste momento que as terríveis provas recomeçavam.
2- A do Fogo: ao entrar por uma porta, achava-se em uma câmara abobadada que resplandecia de luzes estranhas. Ela estava toda em fogo. Grandes fogueiras estavam de cada lado e, no solo, estava colocada uma grade de ferro vermelha pelo fogo. Esta grade formava losangos bem grandes para que o pé do candidato pudesse colocar-se nos interstícios. Parecia que um ser vivo não poderia enfrentar esta fornalha sem perecer queimado ou sufocado.
O juramento prestado fechava toda a saída, e o desejo da iniciação devia ser mais forte do que o terror das chamas.
Além disso, as chamas extinguiam-se por si, desde que o aspirante tivesse passado, e, quando ele se reencontrava em uma sala livre, depois desta prova terrificante, o futuro iniciado, sem perceber o que tinha feito, sentia que seu valor e sua constância tinham vencido a um duro obstáculo, e este pensamento o encorajava no prosseguimento de suas provas.
3- A da Água: ele avançava por novas galerias e, de súbito achava-se diante de um canal largo, que lhe impedia o caminho. Onde a água entrava de um lado desta câmara subterrânea gradeada e saía por outra grade do outro lado.
Esta massa de água escoava-se com um grande ruído. Mas, qualquer que fosse o perigo, a iniciação era o premio. Sobre a margem oposta, via-se duas rampas emergirem da água para conduzirem a uma arcada, sobre a qual apareciam degraus que se perdiam na penumbra. O candidato descia até a água, tomava em uma das mãos a sua lâmpada acesa e atravessava este rio subterrâneo com uma só mão a lutar contra a correnteza forte. A travessia não era muito longa, mas também não era sem perigo. Após completar a travessia, ele sabia que nova prova o esperava.
4- A do Ar: o candidato subia os degraus da escada, e quando chegava ao alto desta escadaria achava-se sobre um pequeno patamar, que era na realidade uma ponte levadiça, e que conduzia a uma porta, mas esta não apresentava nenhum meio para abrir diretamente, nela achavam-se suspensos dois grandes anéis e era impossível ao candidato, depois de ter experimentado abrir esta porta, não ter o pensamento de que estes anéis tivessem uma utilidade e que dissimulavam, talvez, qualquer segredo capaz de abrir-la. Ao segurar os anéis, a ponte levadiça se movia e o candidato se achava suspenso entre no ar, esperando a salvação de qualquer mão libertadora.
Os anéis levantavam-se por sua vez, com o candidato pendurado, a lâmpada que trazia, abandonada sobre a ponte, virava, deixando nas trevas aquele que tinha tanta necessidade de luz.
Neste momento, o ar era violentamente agitado como por uma tempestade desconhecida e o candidato, sempre pendurado, tateava no vácuo e na obscuridade, devendo vencer por sua vez o legítimo terror e fadiga de sua penosa posição.
Mas, no momento que suas forças iam faltar, os dois anéis desciam, e o aspirante retomava contato com a terra.
O que se oferecia aos seus olhos era de natureza a apagar a lembrança de suas penas.
Então ele via a Luz.
A vasta sala de um templo cintilava então aos seus olhos deslumbrados.
Sacerdotes formavam alas que iam da porta até o fundo do santuário, eram finalmente as boas vindas.
O aspirante recebia um copo de água pura, símbolo da iniciação e da purificação ao mesmo tempo.
Ele era levado ante as estátuas de Osíris, Isis e Horus; e o sacerdote dizia:
“Isis, grande Deusa dos egípcios, daí o vosso espírito ao novo servo, que venceu tantas provas e tantos trabalhos para se apresentar diante de vós. Tornai-o vitorioso do mesmo modo nas provas de sua alma, que o tornarão dócil às vossas leis, e que mereça ser admitido em vossos mistérios”.
Havia chegado ao termo de suas experiências materiais. Passara pela prova da Terra, achava-se purificado pelo Fogo, pela Água e pelo Ar.
Ele havia vencido o terror da morte. Tinha o direito de ver a Luz. Podia preparar a sua alma para as revelações esperadas. Era admitido aos Mistérios de Isis.
Fosse qual fosse o ensinamento desses Mistérios, não podia deixar senão uma impressão no espírito e as boas sensações daquele que as tinha conquistado de modo tão caro. Por isso os Mistérios de Isis deixaram na literatura e nas artes gráficas, um traço mais considerável do que qualquer outra iniciação.
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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 6.4 - O EGITO - HERMES TRISMEGISTO

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

6.4
O EGITO
HERMES TRISMEGISTO

Não é possível precisar exatamente a data dos livros de Hermes Trismegisto (três vezes mestre, soberano, pontífice e legislador). Contém ensinamentos de Thot, o Hermes egípcio (a ser comprovado), que somos conduzidos a considerar como o nome coletivo de um grupo de altos iniciados ou como o símbolo da iniciação.
Nos primeiros séculos da era cristã, ele é citado nas numerosas obras de filosofia religiosa. A sua obra foi vista na Grécia ou em Alexandria, que era, neste momento , um centro intelectual de um clarão prodigioso e onde se reencontram os sábios hebraístas com os mais eruditos helenistas do século. A escola de Alexandria produziu esta floração esotérica sobre a qual voltaremos quando tratarmos de esoterismo cristão ou gnosticismo.
Os livros de Hermes são muito anteriores a este período.
Foi sua doutrina que inspirou toda a iniciação mediterrânea; são a ela que devemos os mistérios de Orfeu, os ensinamentos de Pitágoras, os diálogos de Platão.
Os três livros que chegaram ao nosso conhecimento são: o Poemander ou Pimandro e com ele Asclepios ou o Discurso de Iniciação e a Tábua de Esmeralda, um dos textos primordiais das iniciações ocultas, e muitas vezes comentado.
No Pimandro, Hermes ainda discípulo, recebe os ensinamentos de Pimandro, que é a consciência superior, diretora do homem, quando ele se coloca sob as ordens da inteligência soberana ou divina, da qual todos os universos não são mais que uma fraca imagem.
O que ensina a seu discípulo esta inteligência suprema?
Primeiramente a abrir os olhos ao espetáculo do mundo criado, do qual cada ser é a imagem de uma realidade superior, adquirir a ciência, dominar as paixões, defender-se da ignorância, não ser escravo dos seus sentidos.
“Antes de tudo, é preciso rasgar esta roupa que trazes, esta vestimenta da ignorância, princípio da maldade, cadeia de corrupção, morto-vivo, cadáver sensível, inimigo do amor, ciumento no ódio, túmulo que conduzes contigo, ladrão doméstico. Tal é a vestimenta inimiga de que estás revestido, atraindo-te, temendo que o espetáculo da verdade e do bem te façam odiar a sua maldade, descobrir os embustes com que te rodeia, obscurecendo-te o que parece claro, mergulhando-te na matéria, enervando-te em volúpias infames, a fim de que não possas entender o que deves entender e ver o que deve ver”.
O adepto deve revelar o que aprendeu àqueles que têm sofrido as mesmas experiências, sendo estes preceitos dado por Hermes a seu filho Tat, iniciado pelo seu pai, seu mestre, de seu superior na vida iniciática. Hermes mostra a seu filho, quais são as doze falhas, das quais ele se deve desfazer antes de empreender qualquer obra iniciática, assim como se prepara a casa antes de se receber os hóspedes divinos; a ignorância, a tristeza, a intemperança, a concupiscência, a injustiça, a avareza, o erro, a inveja, a malícia, a cólera, a temeridade, a maldade.
São doze e têm sob as suas ordens um número maior ainda.
Para tornar-se iniciado, o primeiro passo a evitar é a ignorância. O primeiro dever é Conhecer-se, ver o lugar que o homem ocupa na Natureza e as relações de seu ser com os mundos superiores.
O silêncio é a força do iniciado e é uma grande ciência esta concentração em que a alma se recolhe para receber as iluminações mais altas e se elevar até Deus sobre as asas da inspiração.
No Asclepios, encontramos outras palavras igualmente iniciáticas. É o Discurso da Iniciação de Hermes ao seu discípulo Asclepios.
Hermes inicia o futuro curador que corresponde a Esculápio, ao Deus da medicina, e lhe demonstra que apesar da multiplicidade de suas manifestações e de suas imagens na teogonia egípcia, não existe senão um só Deus e que só ele tem direito à nossa adoração e às nossas homenagens. Este Deus é, assim, como já vimos Amon-Ra (Amon, oculto; Ra, o sol), a luz secreta, a força universal que não poderia ser revelada a todos sem preparação.
É preciso pôr-se em harmonia com esta força para vir a ser capaz de fixa-la.
O grande iniciado do Egito oferece todo o conjunto a seu discípulo, os meios de tornar-se evolucionado, as satisfações que ele gozará na realização desta obra e o fim que pode atingir.
Nesta fraternidade, todos os seres são nossos irmãos; eles são nós mesmos e nós somos eles, não existe mais interesse particular, não existe mais, em absoluto, vida particular.
Para o egípcio, todos os seres, por diversos caminhos, tendem ao mesmo fim; tornar-se um Osíris, isto é, um Deus, uma parcela consciente e divina do Todo divino, toda criatura evoluciona, toda criatura se aperfeiçoa.
Hermes Trismegisto, o possuidor da ciência do antigo Egito diz: “Feliz o que, à sua entrada no mundo subterrâneo, puder dizer a seu coração, conforme a antiga fórmula do Livro dos Mortos. Ó meu coração, não me acuseis perante o Deus do julgamento. Eu não matei nem traí. Não persegui viúvas; nem roubei o leite às criancinhas. Não provoquei lágrimas; não menti diante de nenhum tribunal; não obriguei os trabalhadores a fazer mais do que poderiam; não fui negligente nem preguiçoso; não maltratei o escravo no espírito do mestre; não defraudei a ninguém; não viciei as medidas nem ultrapassei os limites dos meus campos; conciliei-me com Deus, pelo amor, dei pão ao faminto, água ao sedento, roupas aos nus, condução ao que não podia prosseguir sua viagem”.
Todos procuram, adquirem ou adquirirão poderes. Todos desenvolverão a acuidade de suas sensações. Todos realizarão em um tempo mais ou menos longo e atingirão as esferas que vemos abrir diante dos nossos olhos encantados.
Dia virá em que todos nós seremos iguais na presença absorvente de Deus.
É, pois, inútil ver, em um estado superior, outra coisa além dos cargos e das responsabilidades, por vezes bem pesadas.
Apressemos esse ciclo pela reflexão, pela meditação e pelo trabalho, mas não tenhamos ódio nem cólera, nada senão uma profunda e terna piedade para aqueles que agravam seu fardo e perseguem quimeras que os impedem de conhecer a senda do verdadeiro Bem.
Fora desta moral, os iniciados que formavam a classe sacerdotal possuíam conhecimentos muito extensos em todos os domínios científicos.
Todos deviam conhecer e penetrar os ensinamentos de Hermes, mas suas funções lhes eram distribuídas segundo suas capacidades particulares e, nas cerimônias, eles formavam longos cortejos onde cada personagem tinha uma função precisa, revelada por insígnias especiais de conformidade com seu grau de iniciação e com os ritos que ele tinha a missão de praticar.

A TÁBUA DE ESMERALDA
É verdade, sem engano, certo e muito verdadeiro:
O que está embaixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que esta embaixo; por tais coisas se fazem milagres de uma coisa só.
Assim como todas são e procedem do Uno, pela meditação do Uno, assim todas as coisas nasceram desta única, por adaptação.
O Sol é seu pai, a Lua sua mãe. O Vento trouxe-a em seu ventre. A Terra o alimenta e é seu receptáculo.
O Pai de tudo, o Telesma universal, está aqui.
A sua força permanece inteira quando se converte em terra.
Separarás a terra do fogo, o sutil do espesso, suavemente, com grande habilidade.
Sobe da Terra ao Céu e desce novamente à Terra e recebe a força das coisas superiores e das coisas inferiores.
Por este meio obterás a glória do mundo e toda obscuridade se afastará de ti.
È a força de toda força, pois vencerá toda coisa sutil e penetrará toda coisa sólida.
Assim o mundo foi criado; disso sairão adaptações admiráveis cujo meio é dado aqui.
Por isso me chamam Hermes Trismesgisto, porque possuo as três partes da sabedoria do mundo inteiro.

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quarta-feira, 20 de agosto de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 6.3 - O EGITO - ENSINAMENTOS ESOTÉRICOS

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

6.3
O EGITO
ENSINAMENTOS ESOTÉRICOS

Os egípcios realizavam curas pelo magnetismo ou pela sugestão, conheceram os fenômenos psíquicos.
Sabiam que o ser humano se compõe de três partes: o espírito, o corpo e o duplo, que é o intermediário entre os dois primeiros elementos.
Pode-se supor que o Egito, como a China e a Índia, tinha, ao lado desta bagagem científica, um outro ensinamento menos publicamente espalhado, uma doutrina secreta revelada exclusivamente aos adeptos?
Dada a mais alta antiguidade dos documentos egípcios não é surpreendente que a sua interpretação nos escape em parte.
As obras atribuídas aos iniciados que, por causa de sua iniciação, recebiam um nome divino e o conjunto nos é conhecido sob o nome de Hermes Trismegisto.
Temos também, nas obras de Plutarco, um tratado de Isis e Osíris, que nos revela uma parte de seus mistérios. Porém, como tudo isso é posterior à grande época iniciática! Não sendo senão lendas, muitos séculos depois, e é ai então que é preciso fazer uma idéia de toda a antiguidade.
O Egito antigo é para nós uma descoberta toda nova. Só depois de algum tempo que os hieróglifos entregaram os seus segredos à ciência européia. Está-se no direito de perguntar se este segredo foi entregue inteiramente e é mesmo permitida a dúvida. Sobre muitos textos, a interpretação dos egiptólogos mais eruditos varia singularmente de um sábio para outro.
Certamente, a linguagem sagrada e secreta dos epoptas é pouco legível e eles acumularam as dificuldades que retardam a descoberta. Mas os trabalhos continuam e cada ano nos entrega monumentos novos, que farão saltar da sombra dos sepulcros uma luz brilhante.
Pode-se esperar tudo do futuro, mas não nos é possível presumir coisa alguma de um domínio como é este trabalho.
Ora, resulta dos monumentos escritos como obras de arte do antigo Egito que os iniciados daquele tempo tinham profundo conhecimento no que concerne aos mais poderosos segredos da natureza física e que os adeptos eram dotados de poderes de que se orgulharia, com justo título, um psiquista da nossa época.

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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 6.2 - O EGITO - ENSINAMENTOS EXOTÉRICOS

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

6.2
O EGITO
ENSINAMENTOS EXOTÉRICOS

A história do Egito pode ser dividida em três períodos: Antigo, Médio e Novo.
O Antigo em 5.000 A . C, esta época parece ter sido já muito superior a tudo o que se via no resto do mundo. O Império Antigo teve por centro, a cidade de Menfis.
O Médio Império ocupou principalmente da XIª a XXIª dinastia, 30 séculos A . C, é-nos mostrado como a idade de ouro pelos historiadores e os numerosos monumentos que nos restam. Foi destruído por uma invasão de nômades, que nos textos se chamam Pastores e que devastavam tudo, não deixando subsistir a civilização senão em Tebas e seus arredores, dos quais não puderam apoderar-se.
O Novo Império foi instaurado pela volta de uma dinastia Nacional que expulsou os Pastores, depois de uma guerra sangrenta.
Em seguida, Ramsés II, mais conhecido sob o nome de Sesotris, cobriu o país de monumentos maravilhosos. Depois começou a decadência: os reis assírios vencem, devastam, despovoam o Egito e é quase com reconhecimento que ele aceita o jugo de Alexandre, depois seu general Ptolomeu que criou a última dinastia, vencida pelo império romano na pessoa de Cleópatra.
Desde Ptolomeu, Alexandria foi a capital.
Para quem contempla os mais antigos monumentos egípcios, não é necessário afirmar que, desde a mais alta antiguidade, estes povos gozaram uma civilização avançada.
A grande pirâmide é uma construção que seria ainda dificilmente realizada em nossos dias.
O desenvolvimento da ciência e arte está na decoração interior das pirâmides, o seu modo de iluminação não foi ainda resolvido. A ausência de fumaça torna impossível a presença de tochas ou qualquer outra chama ou archote, não é possível conduzir a luz por um jogo de espelhos; conheceriam eles a luz elétrica?
Sob o ponto de vista psíquico, os egípcios não tinham grande coisa a nos invejar. Sabiam perfeitamente que o homem é um composto triplo, que seu corpo, eles embalsamavam, permanece na terra, porém que dele ainda resta uma personalidade psíquica, um “duplo”, dotado de força magnética. Consideravam o fator nervoso e psíquico como duas importantíssimas fontes de doenças.
Pitágoras, que nos deixou as recordações e as obras do mais maravilhoso iniciado e iniciador, considerava uma honra ser elevado à iniciação egípcia.
Como a maioria dos orientais, os egípcios personificavam todas as forças da Natureza, sendo assim, taxados de politeístas, o que não eram.
Entre as forças adoradas, a primeira era a força solar: Ra, o sol em si mesmo; Amon, o sol de cada dia; Aton, o disco solar, o círculo sem começo e sem fim; havia também Shou e Hor.
As divindades da terra, da noite e da água; Osíris subterrâneo ou Serapis; Isis e Nephetys, deusas da vida e da morte; Phtah e Sokhar e sobretudo Anúbis; as representações dos elementos: Seb, a terra; Nut, o céu; Nu, a água; Tifon, o mal.
O nome da divindade Amon-Ra, significa, ra, o sol; Amon, oculto; isto é, o esplendor que se dissimula aos nossos olhos.
Sabiam que o calor do sol faz nascer e morrer.
O ocultista Basc exprime assim:
“O Egito acreditava em um só Deus, envolvido, de propósito, talvez, em formas panteístas e politeístas; mas a religião egípcia é, no seu esoterismo, um monoteísmo puro, manifestando-se no seu esoterismo por um politeísmo simbólico”.
Sobre a evolução do espírito e o desenvolvimento da força psíquica, os padres e iniciados sabiam que existe no ser humano uma força que irradia de toda a pessoa, que pode exteriorizada e projetada para realizar ações úteis ou funestas.
O monumento literário mais considerável que possuímos sobre a religião egípcia e cujo valor não poderá ser contestado, é o Livro dos Mortos. É por ele que conhecemos as doutrinas deste grande povo, concernente à filosofia, à moral, às ciências psíquicas, à constituição do ser humano, à sua desintegração na morte e aos renascimentos que se seguem para ele, do julgamento que sofre.
Para os egípcios, os elementos constitutivos do ser humano são em número de quatro:
1º - O corpo; é a parte material que cai sob nossos sentidos; é o conjunto transitório dos ossos e dos músculos; é o conjunto dos nossos órgãos, sem outra utilidade real além de servir de sustentáculo às partes mais nobres e mais ativas de nossa verdadeira pessoa.
A ordem, o pensamento, a força vital são-lhe exteriores.
2º - Um duplo do corpo; o segundo elemento, muito importante sob o ponto de vista egípcio, que o denomina Kha. Ele é a representação inteiramente exata do corpo, porém composto de uma matéria mais sutil e não é submetida às mesmas leis. Os ocultistas chamam-no corpo astral e os espíritas periespírito.
3º - Uma alma (Ba); é a personalidade afetiva, que possui energias psíquicas, explicando assim os poderes enormes do amor e da imaginação sob o império do entusiasmo, que é uma exteriorização desta parte de nós mesmos.
4º - Uma Essência vital ou sopro vital (Khu); é uma emanação do espírito divino, é a parte pela qual o homem se comunica com a divindade. Para o egípcio é o sopro de Amon-Ra, o que não deve morrer nunca.
A morte é o início de uma nova vida.
O primeiro estágio da iniciação é a posse inteira, o domínio do duplo.
O duplo e o corpo são, conforme vimos, as duas partes inferiores da personalidade humana. Mas, passada a morte e as partes do túmulo fechadas, restam ainda dois elementos, ambos muito superiores aos precedentes.
A Essência vital é uma fagulha do fogo divino. Ela é para a alma, mais ou menos, o que o duplo é para o corpo, é o elemento superior e lhe confere, a sua verdadeira personalidade.
A alma era para esta centelha como uma habitação e que dele dispunha com riscos e perigos.
A Essência vital é o único elemento humano que, à morte, se separa completamente do que foi em sua vida; realiza o ciclo obrigatório de suas viagens da luz à sombra e da sombra à luz.
A volta para o sol, é o pleno meio-dia para a Essência vital liberta.
Quando as ladainhas dizem: “tu estás afirmado para a eternidade”, Gayet assinala que esta frase, à qual se atribui um sentido simbólico, é acompanhada dos braços duplos dirigidos ao céu. “este gesto, sempre depois das ladainhas, faz subir e descer a chama, isto é, eleva para o céu os átomos das existências dissolvidas e as reanima de uma força nova, a do ser de que estavam separados”. (Fantasmas de Antinoé, Sepulturas de Leukyoneu e Myrithis).
Entretanto, só a alma corre um risco trágico. Só ela vai ao seu julgamento que a conduz ao Amenti, ao lugar terrível onde se pesam as almas; onde toda a cena é dominada por dois filhos de cada uma da 21 divindades, em presença dos quais a alma deve fazer a sua confissão, na presença de Osíris, Thot, Anúbis, Horus e Maat.
O iniciado deve procurar resplandecer o verdadeiro sol, aquele que está oculto e, portanto não se deita nunca.
O iniciado deve procurar seguir os graus de evolução que a iniciação apressa e precisa; Conhecer-se, para combater os defeitos que se têm constatado, apressar a sua evolução, fazer o maior bem que se puder em torno para lutar contra as suas tendências egoísticas que são os principais obstáculos ao nosso adiantamento e, reconhecer em si a parte divina, esta centelha inteligente, que é o dom de Ra, e que deve voltar-se para ele, quando estiver purificado da matéria que o escraviza por nossa causa.
Aspirará à reintegração mais próxima, e é pela elevação que poderá torna-la fácil, pois sacrificará as coisas de pouco valor e que são transitórias, para ganhar o único bem que não morre.

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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 6.1 - O EGITO

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

6.1
O EGITO

Desde os primeiros tempos que nos fazem revelar pela história, o Egito mostra-se como uma nação muito adiantada na sua cultura e com uma iniciação sábia.
Todos os escritores, Heródoto e Plutarco em primeiro lugar, fazem-nos ver o Egito como foco intelectual e religioso onde os outros paises foram, por meio de grandes homens, conhecerem as ciências misteriosas.
Depois da invasão muçulmana, o Egito tornou-se letra morta para o mundo civilizado.
Foi apenas na campanha do Egito, quando Napoleão, revivendo Alexandre, levou grandes sábios, entre eles Champollion, é que se começo a penetrar o segredo dos milênios.
Existências inteiras foram empregadas para tentar penetrar seus mistérios, e mesmo assim, só tomando conhecimento da parte exotérica.
Somente há tempos atrás, Gayet, esforços para encontrar na tradição oculta e inscrições, outras coisas além das demonstrações de vitória.
Moret estudou os segredos da magia egípcia e nos deixou trabalhos de grande interesse documental.
O resultado de todos esses esforços é que, não somente os egípicios se entregavam à magia sagrada, fórmula ritual e muitas vezes intuitiva da ciência psíquica, e a operavam racionalmente e cientificamente. Eles conheciam a existência no ser humano, ao lado do corpo físico, os elementos mais sutis, que eles chamavam o “duplo”, avançando nisso numerosos séculos relativamente às nossas descobertas muito recentes.
Estamos longe da completa revelação do que contém este grande túmulo de povos que dormem no vale do Nilo.
Os egipitólogos têm grandes dificuldades em tomar o sentido exotérico dos hieróglifos, a compreensão dos textos religiosos sob o ponto de vista esotérico é também cheia de dificuldades. H. O . Lange, diz: A inteligência dos textos religiosos tornou-se extraordinariamente difícil pela multidão de suas alusões às tradições sagradas que nos são desconhecidas.
As dificuldades são consideráveis, pelo próprio cuidado que tiveram em velar os dados iniciáticos, que os possuidores da iniciação faziam, ou davam a máxima importância.

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segunda-feira, 4 de agosto de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 5.2 - A ÍNDIA BÚDICA - 2ª PARTE

5.2
A ÍNDIA BÚDICA - 2ª PARTE

O Bhagavad-Gita

O Bhagavad-Gita ou Canto do Bem-aventurado, é de uma data impossível de se determinar. Ele é intercalado como episódio no Mahabharata, o célebre poema épico da Índia, que narra a luta das dinastias sagradas que disputam a preponderância esclarecida contra a impulsividade sensual pela vitória da raça solar representante da intelectualidade.
O Canto do Bem-aventurado é ensinado por Krisna, que os indianos consideram como a quinta encarnação de Vishnú, vindo para criar a paz e a harmonia no mundo. A nona encarnação foi a de Buda, à qual Krisna é anterior cerca de 2.400 anos.
O Bhagavad-Gita baseia o seu ensinamento sobre existências sucessivas, sobre esta lei do Carma, que é a regra do mundo.
O herói do poema é o rei Arjuna, filho de Pandú, com sua hesitação de partir para a guerra, confiando isso a Krisna, que lhe demonstra que a primeira necessidade é operar segundo o seu dever.
Arjuna deve partir para a guerra? Sim, responde Krisna, porque cada um está submetido aos deveres de sua condição, além disso a morte do corpo, tanto para nós como para os outros, não têm nenhuma importância, pois que só o corpo morre e a parte imaterial, o espírito continua vivo.
Krisna assim se exprime: “Assim como deixamos as vestimentas usadas para tomarmos uma nova, assim também a alma deixa os corpos usados para tomar outros corpos novos”.
A duração destas vestimentas, é sem fruto para a alma e o que elas vêm a ser em seguida não apresenta nenhum interesse. Marcha, pois, ao combate, Arjuna, pois que tu foste chamado para o teu dever e por uma justa causa. “morto ganharás o céu; vencedor, possuirá a terra”.
Arjuna, solicita explicação de como reconhecer o sábio, ao que Krisna responde:
O sábio não deve ser acessível a nenhum outro sentimento humano, senão a caridade, a piedade e o amor a Deus.
Krisna ordena a ação, “faze, pois, o que é necessário; a obra vale mais do que a inação; sem operar, tu não poderias mesmo nutrir teu corpo”.
O adepto deve primeiramente lutar contra a ignorância, porque ela impede a eclosão da fé. A fé é necessária à formação do adepto. Ele tem que saber ousar, que é o terceiro termo da interpretação da Esfinge.
O Bhagavad-Gita ensina: “o que se denomina renúncia, é a própria união; é aquela que nos faz romper a atração das coisas materiais, que entravam o livre lance do espírito para o seu fim absoluto”.

A Voz do Silêncio

A Voz do Silêncio, é um resumo de fragmentos escolhidos de preceitos de ouro para o uso cotidiano dos “Lanús” ou discípulos. Estes fragmentos foram traduzidos por Blavatsky; pertencem a uma série de livros sagrados dos quais fazem parte igualmente as Estâncias de Dzyan, publicadas e comentadas por Blavatsky na sua imponente obra: A Doutrina Secreta.
A base de todo ensinamento iniciático encontra-se na lei do Silêncio. O silêncio facilita a concentração mental e a concentração é, propriamente, a base da educação do pensamento e da aquisição dos grandes poderes.
Dhâranâ e a concentração e aquele que quer ser um iniciado deve aprender a sua natureza.
O discípulo deve procurar o Raja de seus sentidos, produtor do pensamento, aquele que desperta a ilusão.
O mental é o destruidor do real.
Que o discípulo destrua o destruidor; somente quando abandonar a região de Asat, o falso, ele entrará no reino de Sat, o verdadeiro, só então o seu ouvido interior, ouvirá a Voz do Silêncio.
E o que ao iniciado essa voz misteriosa?
Uma das vozes, a matéria, diz: “se tua alma sorri, banhando-se no sol de tua vida; se tua alma conta na sua crisálida de carne e matéria; se tua alma chora no seu castelo de ilusão; se tua alma se debate para quebrar o fio de prata que o une ao Mestre (nosso Eu ou personalidade superior); crê, discípulo, é na terra que está tua alma”.
Diz a grande lei: “antes de vir a ser conhecedor de seu próprio Eu, deves ser primeiramente o conhecedor de ti mesmo”.

AUM

AUM é o monossílabo sagrado em que se resumem mistérios da iniciação na Índia. Nele, que é o nome místico da Divindade, o mistério da Trindade se manifesta por um único som, emitido segundo as três letras inseparáveis. Cada uma delas representa uma das três pessoas divinas. A é Vishnú; U é Siva; M é Brama, cada um existindo em si na unidade indivisível.
A pronúncia correta desta palavra não é indiferente ao seu poder; também os Chelas só obtém este ensinamento secreto com o juramento de não revelar a ninguém a maneira ordenada para pronunciar esta palavra.
Antes de lançar-se para as alturas, é preciso ter um conhecimento profundo de três
salas: “do corpo que vive no mundo físico, a ignorância, do coração que se manifesta no mundo sentimental; aprendizagem; e do espírito que vive no mundo mental, a sabedoria”.
No plano físico: a primeira sala é, ignorância, Avidya. É a sala onde viste a luz do dia, onde vives e morrerás.
A segunda sala é a sala da aprendizagem. Aí, a tua alma achará as flores da vida, mas sob cada flor uma serpente enrolada.
A terceira sala é sabedoria. Além se estende a água sem praia de Akshara, fonte inesgotável da Onisciência.
“Toma cuidado Lanú, que te deslumbras por um raio ilusório, que tua alma não retarde e não se prenda a esta claridade moribunda”. Esta claridade irradia do grande enganador (do falaz Mara), aquele que tenta o homem com a atração dos vícios, que o arrasta fora da vida e deseja matar a sua alma. “A falena atraída para a flama brilhante da lâmpada noturna está condenada a perecer. A alma imprudente, que perde a ocasião de apanhar de repente o demônio motejador da ilusão, voltará para a terra, escrava de Mara”.
“A escada por onde o candidato sobe é feita de degraus de sofrimento e de pena; só a voz da virtude pode fazer calar as suas vozes”.
Quem está no caminho está apto a tornar-se senhor da Samâdhi, estado de visão infalível, que é uma iluminação direta da luz divina.
Esta alegria da realização não deve ser egoísta. Aquele que descobriu a Senda deve indicar aos outros e auxilia-los a subir. Só aquele que sofreu deve indicar aos outros, dirigir um discípulo.

YOGA

A Yoga que muitos consideram erradamente como um meio de obter fatos transcendentes.
A palavra Yoga, quer dizer união com Deus. O Yogi, para chegar a este fim, utiliza meios que terrificam quaisquer dos nossos hábitos ocidentais e que é impossível aconselhar toda pessoa que se encontra ligada a obrigações sociais, aos deveres de família, porque toda a vida do Yogi é a Yoga e nada mais.
Içvaracharia Brahmachari no seu curioso Tratado de Yoga Real, dá a definição dessa ascese: “A ciência da Yoga pode ser definida como o conhecimento do equilíbrio entre o Macrocosmo e o Microcosmo, entre o positivo e o negativo, fase passiva de iluminação”.
Esta ciência se subdivide em Raja Yoga ou Yoga Real e Hatha Yoga.
Raja Yoga é mais elevada, ela deixa em repouso o corpo que está livre de tentações pelo poder do espírito. A Hatha Yoga é, um exercício físico com o fim de destruir as necessidades do corpo, de reduzi-lo à completa servidão material. È o exercício seguido pelos faquires que, por uma série de privações e de assustadores suplícios, reduzem o seu corpo material ao estado de verdadeiro esqueleto.
Os Teósofos desaconselham, com razão, esta segunda forma de Yoga, considerando-a vã e menos útil ao nosso desenvolvimento para a Luz do que a senda do conhecimento e da caridade.
Chega-se à união com Deus por um meio extremamente complicado e tornado voluntariamente o mais difícil possível.
Faz-se colocar nas Asanas (atitudes) as mais penosas que lhe são indicadas.
O Yogi deve ser tão indiferente como um morto, a todas as suas manifestações de vida. Eis-nos bem longe da bondade do ensinamento budista quando recomenda a prática. Pode ser que o Yogi adquira certos poderes, mas ele os adquire para si só e não se preocupa com a humanidade, para a qual ele tem, entretanto os mesmos deveres que os outros homens.
Nesta rápida exposição mostra-se muito bem que, quanto mais longe possamos encarar as coisas, as Índias têm sempre conhecido a Ciência psíquica, seus fatos experimentais, sua moral e sua filosofia.
É deles diretamente dos Mestres da ciência esotérica da Índia, que os fundadores da Teosofia tiraram esta filosofia religiosa que seduziu tantos espíritos. Blavatsky e Sinnet residiram muito tempo na Índia, e ali receberam uma iniciação que depois espalharam no mundo.
Vê-se que a Índia nos apresenta em todas as épocas, Védica, Bramânica e Búdica, uma moral maior, da mais elevada beleza que seus livros sagrados nos deixaram a fórmula.
A Índia nos ensina que nos tornemos solidários com os outros e com o universo, de modo a sentir a importância das menores ações.
A idéia que o budismo ordena que se retire do mundo e que se viva em um isolamento, inútil aos seus semelhantes, é uma idéia absurda.

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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 5.1 - A ÍNDIA BÚDICA - 1ª PARTE

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS
5.1
A ÍNDIA BÚDICA - 1ª PARTE

O budismo revolucionou a Religião Bramânica, ele deu espaço para aqueles que queriam atingir o Nirvana pela fusão em Deus e na renúncia.
O seu iniciador colocou o budismo como uma religião democrática, universal e social, independente de castas.
O budismo prega a utilidade do sofrimento e a necessidade da renúncia. O sofrimento é resultante de faltas nas existências anteriores (carma). O Carma nos acompanha de uma vida a outra, e o budista deve expiar e reparar as suas faltas pela dor e a renúncia.
A crença budista de que quanto mais aflição e miserabilidade tivermos em nossa existência terrena, mais expurgaremos esta condenação póstuma e nos aproximaremos da definitiva libertação. A idéia do Carma domina toda a religião Búdica.
Buda é uma emanação de Deus, modelo de virtude; Buda possuía a paz. Ele ensinou que seus discípulos devem se preocupar com a sua própria salvação e que auxilie a salvação de seus concidadãos, deve se preocupar com a salvação da humanidade.
Gautama, o Buda, renunciou de direitos de nascimento e de fortuna, ele fixou a sua própria passagem para o Nirvana a fim de perseguir seus esforços para abrir aos homens o caminho que conduz à extinção do sofrimento.
A Lei de Buda é a lei do perdão para todos. “Tu não matarás, não roubarás os bens de outrem, não cometerás adultério, não mentirás, tu te absterás de bebidas e enervantes, tu retribuirás o mal com o bem”. A generosidade, a cordialidade e a abnegação são para o mundo, o que a mola é para o carro. Esse é o caminho do desinteresse e do altruísmo.

ENSINAMENTOS EXOTÉRICOS

O bramanismo e o budismo, têm a mesma concepção: A ascensão através da peregrinação das existências. A diferença é que o bramanismo é aristocrático e sacerdotal, é uma religião nacional. O Brâmane é exclusivista no ensinamento religioso, devido ao sistema de castas o acesso é difícil.
O budismo é uma religião universal, democrática e social, onde não se faz exceção de nacionalidade nem de casta. Todos podem chegar à iniciação superior.
Foi no país onde domina a tirania dos “rajahs” que o budismo pregou a igualdade, a tolerância o pensamento livre.
A caridade não se limita aos homens.
O budismo nos legou um grande número de livros sagrados: A “Voz do Silêncio”, O “Bhagavad-Gita” e inúmeros outros.
O iniciado deve conhecer as forças e os ritmos humanos e procurar relaciona-las com as do universo e como modifica-las com o conhecimento.
Existem duas formas de ensinamento:
1º - O exotérico – para a multidão, uma doutrina mística e humanitária, baseada na moral e no melhoramento do coração e elevar o sentimento para o divino.
2º - O esotérico – para um pequeno círculo, uma iniciação mais intelectual, idéias e conhecimentos mais elevados que precisam ser compreendidos e raciocinados, um conhecimento mais profundo da criação e do criador. O melhoramento do coração não basta. Para seguir a Senda Perfeita é preciso o aperfeiçoamento do espírito e da razão.
Helena P. Blavatsky, fundadora do movimento teosófico, mostra claramente essas duas formas de pensamento, uma exotérica e outra esotérica do budismo.
Comentando a “Voz do Silêncio” ela diz: “as duas escolas das doutrinas de Buda, a esotérica e a exotérica, são chamadas respectivamente Doutrina do Coração e da Vista Bodhidharma, com origem na China e daí seus nomes provirem do Tibet, Tsung-Men (o esotérico) e Kiaú-Men (o exotérico)”.
“A primeira emana do coração de Buda,a segunda de sua cabeça”.
“A Doutrina do Coração, é também chamada o Selo da Verdade”.
Segundo os livros sagrados, Buda teria nascido 628 A . C, mas chega-se a datas diferentes, ora 520, 542 ou 562. Teria vivido 80 anos.
Seu nome era Siddharta, príncipe da família Gautama.
O nome Buda, é dos iluminados que recebem o Boddhi, o conhecimento intuitivo (quem não tem sabedoria acredita que irão conhecer na realidade um animal, o bode).
O budismo divulga o seguinte:
A dor reina sobre a terra.
A existência do Carma, e o dever de reduzir-lo pelo desenvolvimento.
Praticar o altruísmo.
Todos os seres são ligados uns aos outros e nossos atos afetam seres que não conhecemos.
A evolução é a lei do mundo.
Buda proclama que o universo é um, tanto no espaço como no tempo. Todos os seres são iguais na essência e em estados diferentes de evolução.
Assim como é em cima é em baixo, o nosso mundo é a imagem perturbada do mundo superior, tudo é trabalho e movimento.
Buda ensina: liberto, liberta; chegado à outra praia, faz chegar os outros,
Consolado, consola.
O espírito atingindo o Nirvana, não se dissipa na unidade divina, a sua personalidade é sublimada pelo contato do divino. O Nirvana não é um repouso absoluto, nele há um trabalho incessante.
“quando a unidade espiritual separa-se da matéria, ela entra no eterno e imutável Nirvana. Ela não morrerá mais, porque o espírito só, não é Maya (ilusão), mas a única realidade, no universo ilusório de formas transitórias” (Isis Desvendada).
O Bodhsatwa que é sublimado, procura atingir o Boddhi, isto é a iluminação suprema, que revela a lei do universo.
Para atingir o Nirvana, quatro conhecimentos são necessários ao budista.
1º - A noção de sofrimento.
2º - A causa do sofrimento.
3º - A supressão do sofrimento.
4º - A supressão da dor.
O sofrimento está em todas as coisas, no nascimento, na idade, na doença e no amor.
A causa do sofrimento é a sede de viver e de poder. O poderoso, se soubesse o que é a verdade, deixaria o poder que o obriga a atos que ele não conhece. Nem pode conhecer, aquele que possui o poder assume um Carma que multiplica pelo bem que não fez nem ordenou e o mal que fez ou deixou de fazer quando mandava nos homens.
A supressão do sofrimento é expressa por Arnold assim: “É a paz que deve vencer o amor do Eu e o apego à vida. Arrancar dos peitos as paixões de raízes profundas, acalmar a luta interior. Reunir o tesouro dos serviços prestados, dos deveres cumpridos, com caridade das palavras benevolentes e da vida pura, estas riquezas não se perderão durante a nossa existência e a morte não as destruirá”.
A supressão da dor é feita através da caminhada na Senda, o caminho santo.
A vereda que tem oito divisões é aquela que conduz à paz, ao perfeito contentamento.
Os quatro primeiros caminhos são:
1º - A crença reta – Direção moral.
2º - A intenção reta – Bons sentimentos a respeito de tudo o que vive.
3º - Da palavra reta – Ser senhor das usas palavras.
4º - Da reta conduta – Abster-se de ações inúteis.
Os quatro caminhos elevados são:
1º - A pureza reta – Renúncia voluntária a todas as doçuras que fazem o encantamento da vida.
2º - O pensamento reto – O adepto recebe a iluminação; não necessita de ensinamentos; os pregadores e os livros são inúteis; vê o seu verdadeiro caminho; está próximo.
3º - A solidão reta – Vê o espírito liberto, é preso somente ao eterno. A vida está terminada, a prisão da vida está destruída.
4º - A meditação reta – É o êxtase. A união com Deus, é o Nirvana. É o quarto grau que poucos alcançam neste mundo. É quando fica no caminho o egoísmo, a falsa fé, a dúvida, o ódio e a concupiscência.
Buda disse: “Qualquer que não conheça a minha lei, morre neste estado; deve voltar à terra até que venha a ser um perfeito Somaneano.

ENSINAMENTOS ESOTÉRICOS

Assim como em todas as religiões, o budismo possui ao lado dos ensinamentos dados ao grande público um lado esotérico, concedido àqueles que merecem a uma iniciação mais completa.
Desde 1880, Blavatsky, depois de uma longa estadia nas índias, publicou estudos sobre esta Doutrina Secreta. O mesmo fazendo Sinnet e o coronel Olcoltt. Após a morte de Blavatsky, vieram Annie Besant e Leadbeter, todos mostraram o lado da moral Búdica, tão elevada e pura. Uma iniciação diferente de nossos hábitos de pensamentos.
Sinnett diz: Na realidade o conhecimento secreto, data de muito antes do nascimento de Gautama Buda.
Os altos pensamentos esotéricos não são compreendidos por todo o mundo; eles necessitam de uma certa cultura e preparação.
No esoterismo é necessária a formação pessoal.
É preciso fazer-se por si mesmo e durante muito tempo; é necessário um trabalho acurado e domínio absoluto de si mesmo, obter estes poderes surpreendentes que todos nós possuímos.
Por outro lado, o iniciado precisa ser guiado e sustentado nos seus trabalhos, ou está arriscado a fazer um caminho errado.
Tudo que vive, mesmo o corpo inerte, está sobre a senda da evolução.
O rei, o sacerdote e o mendigo estão igualmente sobre o caminho. E o rei e o sacerdote não estão nunca seguros de serem colocados mais alto que o mendigo.
Os trabalhos de erudição moderna nos dado, livros publicados de iniciações, mas a sua leitura, por mais encantadora que seja a forma, não bastará para nos dirigir ao ensinamento esotérico; é preciso ler nas entrelinhas, trabalho árduo daquele que não tem guia.

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