domingo, 28 de setembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.4 - A GRÉCIA - HOMERO

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

7.4
A GRÉCIA
HOMERO

Há muito que se pergunta se as obras de Homero contêm um ensinamento iniciático e muitos autores antigos decidiram a favor da afirmativa.
Efetivamente, certos textos são bastante prováveis nesta forma de ordem dos fatos.
A magia reina no domínio destes poemas. É por magia que Circe muda em porcos os companheiros de Ulisses, caídos em seu poder, ao passo que Ulisses a dominou, porque a força de vontade do iniciado domina sempre o que vem dos sentidos e do psiquismo inferior.
Ulisses é, além disso, o símbolo perfeito do iniciado. Quando ele deve enfrentar as Sereias, que simbolizam as ciladas deliciosas da Natureza, ciladas mortais sob a aparência agradável, tapa os ouvidos de seus companheiros, agarrando-se ao mastro do navio para não cair na deliciosa cilada.
Os oráculos de Cassandra se relacionam aos fenômenos intuitivos, mas, se devemos crer nos Alexandrinos, Homero contém ensinamentos de uma bondade mística muito mais alta.
Nenhuma obra, a este respeito, é mais característica do que o Antro das Ninfas.
Este antro está situado na ilha de Itaca. É um lugar sagrado que encerra as riquezas do iniciado.
A descrição do antro, tal como Homero nos mostra na XII rapsódia da Odisséia, é bastante para atrair a glosa de Porfírio, cuja tradução devemos a Pierre Quillard:

À entrada do porto cresce uma oliveira de grande copa,
Junto a ela se abre o antro amável e tenebroso,
Consagrado às Ninfas que denominamos Náiades,
Dentro, existem crateras e ânforas
De pedra, onde abelhas constroem suas colméias;
Há também longos trabalhos de pedra nos quais as Ninfas
Tecem panos tintos de púrpura maravilhosa à vista;
Ali também correm fontes inesgotáveis e existem duas entradas:
Uma para o Bóreas, deixa descer os homens;
Outra para o Notos, é para os deuses,
E jamais por ele entrarão os homens; porém, esse é o caminho dos imortais.

Este antro é a imagem mística do destino das almas; é o símbolo, e um detalhe não é sem importância nesta singular alegoria. O antro, dizíamos, é o mundo e tem duas aberturas: uma para os homens e outra para os deuses; os visitantes, de uma natureza tão diferente, jamais erram a porta.
O antro cheio de sombras é doce e fresco, e o murmúrio das fontes torna-o ameno, apesar das suas sombras.
E a explicação de Porfírio começa por certificar que o trecho de Homero não era arbitrário nem fantasista:
“Neste ponto – diz ele – não há uma fábula imaginada ao acaso por simples prazer do espírito e não contém mais a descrição de um lugar, porém, é preciso ver uma alegoria do poeta que colocou misticamente uma oliveira perto do antro”.
A oliveira, árvore de Palas, é uma árvore sagrada entre todas e o lugar desta árvore pacífica, no limiar do antro dos iniciados, bastaria para atrair a atenção, porque não é nas tempestades de cólera nem nos tumultos de ambição que Deus consente em se revelar aos mortos.
O antro, segundo Porfírio, é o símbolo do mundo. É para ele que as almas descem nesta vida material, e é por ele que elas voltam ao mundo superior.
Por que um antro? Antes de tudo, os antros e grutas, devido ao seu aspecto de sala preparada de antemão por uma potência desconhecida, sempre pareceram misteriosos e sagrados.
“Os antigos – diz Porfírio – consagravam os antros e as cavernas ao Mundo considerado em sua universalidade ou em suas partes: tomavam a terra por símbolo da Matéria de que é composto o Mundo; aí se pensava também que era pelo motivo da terra designar a matéria e significava por antros que o Mundo era composto pela matéria”.
É, pois, desprendendo-se da matéria, esclarecendo-a pela luz que lhe é exterior, que vem toda beleza que lhe é acessível, a fazer brotar as formas que ela é suscetível de tomar. E Porfírio faz observar que, mesmo os Persas, para fazerem compreender por um símbolo a descida da alma na matéria e a sua ascensão no mundo da Luz, dão o nome de caverna ao lugar onde se passa a iniciação, a fim de que o iniciado se desprenda inteiramente da matéria e dos encantos que possui o mundo sensível.
“Os antros eram dedicados às Ninfas e sobretudo as Náiades que velam as fontes e tiram o seu nome das águas de onde decorrem”.
As fontes, cuja origem era uma espécie de prodígio para os antigos, era-lhes sagradas.
As Náiades, as Ninfas são as energias personificadas da matéria e este antro, onde as águas correm perpetuamente, “não simbolizam a essência inteligível, mas a substância unida à matéria”.
Tomado pelo simbolismo destas águas que vêm não se sabe de onde para nascer à luz, Porfírio acrescenta que as Náiades “são almas que desejam nascer”.
Quanto às crateras e as ânforas de pedra, são “os símbolos das Ninfas Hidríadas. Porque as ânforas e as crateras de argila são os símbolos de Dionisios”.
As crateras e as ânforas de pedra convêm muito às Ninfas que presidem as águas que brotam das pedras. E quais símbolos seriam mais bem apropriados senão os naturais para as almas que descem para a geração e a produção do corpo? Assim o poeta ousou dizer que, sobre estes meios, as Ninfas:

TECEM PANOS TINTOS DE PÚRPURA MARAVILHOSA À VISTA.

Como pertencentes às Ninfas, os lugares são de pedra, mas desde que a geração dos seres humanos começa a se manifestar, o simbolismo se precisa e eis aqui o que diz Porfírio:
“É nos ossos e em torno deles que se forma a carne: eles são de pedra no corpo dos animais e são comparados à pedra. Porém, os meios são feitos de pedra, e não de outra matéria”.
“E os panos de púrpura não são outros senão a carne unida ao sangue; efetivamente, os tosões de púrpura são impregnados de sangue e a lã é tinta no sangue e a carne vem a ser sangue. E o corpo é a vestimenta da alma e há um espetáculo admirável, quer seja considerada a composição ou a união com a alma”.
Falando das ânforas de pedra, Homero ajunta:

... ONDE AS ABELHAS CONSTRÓEM SUAS COLMÉIAS.

“Os teólogos serviram-se do mel para um grande número de símbolos diversos. Ele purifica e conserva: graças a ele muitas coisas vêm a ser incorruptíveis e as úlceras antigas são curadas por ele; é doce gozar e, em certas cerimônias, come-se o mel porque purifica a língua de todo erro”.
O mel é a nutrição dos deuses e é por isso que deve ser sagrado para os homens.
A própria abelha é sagrada e ela é a imagem de uma alma elevada.
A abelha é um animal instruído pelos deuses e a perfeição dos alvéolos onde ela distila o seu mel tem sempre causado a admiração dos observadores.
O antro das Ninfas tem dois destinos: um – diz Homero – está voltado para Bóreas, e o outro, mais divino, para o Notos e se pode descer por aquele que olha para o Bóreas, mas não se indica se é possível descer por aquele que esta voltado para o Notos, e diz somente que:

JAMAIS POR ELE ENTRARÃO HOMENS; PORÉM ESSE É O CAMINHO DOS IMORTAIS.

O Bóreas servia para a descida das almas. Quanto à região do Notos são reservadas, não aos deuses, mas àqueles que sobem para os deuses.
Por isso, Homero diz, não o caminho dos deuses, mas o caminho dos imortais, isto é, o caminho daqueles que são vitoriosos das experiências, que têm vencido a segunda morte; aqueles não nascerão e não morrerão jamais.
O símbolo da oliveira não é menos freqüente, nem menos admirável.

À ENTRADA DO PORTO CRESCE UMA OLIVEIRA DE GRANDE COPA,
JUNTO A ELA SE ABRE O ANTRO ......................................................................

“Não é por acaso, que esta oliveira surge ali, mas indica também a significação misteriosa do antro. O mundo efetivamente, não é nascido arbitrariamente e por acaso, mas é a obra do pensamento divino e da natureza inteligente; e, diante do antro, a imagem do mundo, está a oliveira, símbolo da sabedoria divina”.
Porfírio fala de uma época em que escritos iniciáticos, para atingir os iniciados, se arriscam de cair em mãos profanas; também escreve para mais leitores do que desejaria. Eis porque se defende de ter posto o que quer que fosse de pessoal na sua explicação que provém de uma tradição esotérica:
“Que não se tomem tais interpretações como forçadas e crendo que elas sejam conjecturas de homens sutis. É preciso notar qual era a sabedoria antiga e, cuidando como Homero e é sua exata consciência de toda a virtude, não negar que, sob a forma de mitos, ele ocultou misteriosamente a imagem das coisas divinas. Não podia efetivamente, deixar de fazer uma ficção completa e que não teve nenhum objeto verdadeiro por origem”.
O sentido secreto assim exposto por Porfírio corresponde ao pensamento de Homero? O fato é verossímil, porém muito difícil de provar.
Certamente, Homero está cheio de alusões místicas e nós encontraremos seus hinos quando tratarmos dos mistérios de Eleusis que tiveram importância tão grande na vida da Grécia.
Seja o que for, parece-nos interessante dar aqui, a título documentário, os trechos essenciais do trabalho de Porfírio, tendentes a demonstrar que Homero foi um grande iniciado e que, sob o agradável véu da ficção, seus poemas admiráveis continham alguns segredos de iniciação helênica.

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domingo, 14 de setembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.3 - A GRÉCIA - ENSINAMENTOS ESOTÉRICOS

7.3
A GRÉCIA
ENSINAMENTOS ESOTÉRICOS

É primeiramente nas Fábulas, nas Alegorias, que nós procuramos a idéia iniciática, o ensinamento esotérico da Grécia.
Vamos nos limitar à citação de Édipo, dentre outras, como uma das mais ricas em revelações misteriosas.
Édipo, o vencedor da Esfinge, é filho de Laios, e de Jocasta, soberanos de Tebas, que teriam vivido no século XV A . C.
O seu nascimento foi assinalado pelo Oráculo, que lhe tinha anunciado as piores infelicidades.
O menino devia matar o seu pai, desposar sua mãe e, depois de ter passado alguns anos miseráveis, morrer no bosque das Fúrias. Laios pensou que não valeria a pena que tal filho vivesse; confiou-o a um de seus pastores para que lhe desse a morte. O pastor não teve coragem de executar esta ordem, mas pendurou o menino pelos pés no monte Citheron e o abandonou, cuidando que, com tanto frio que reinava, a fome e os animais ferozes cumprissem o assassínio que lhe repugnava.
Nada disso sucedeu. Descoberto pelos pastores e caçadores, Édipo, que devia seu nome (pés inchados) ao estado em que se achava, foi conduzido ao rei de Corinto: Polibio. Este, velho e sem filhos, adotou-o com o consentimento de sua esposa.
Chegado à adolescência, o jovem conheceu o Oráculo e, com medo de matar Polibio, do qual acreditava ser filho, fugiu ao acaso pelos caminhos.
A um dado momento, encontrou-se com um carro rodeado de uma fraca escolta. Questionando com os passageiros, encheu-se de fúria e agrediu um velho, matando-o . Era Laio.
Uma parte do Oráculo já estava assim realizada; ele continua o seu caminho, e, tendo sabido que a cidade de Tebas estava desolada pela Esfinge, voltou para esta cidade, triunfou do animal alado e, segundo as condições que tinham sido fixadas, desposou a mulher de Laio, a rainha Jocasta, sua mãe, da qual teve muitos filhos.
A Esfinge era um animal monstruoso que estava às portas da cidade. De um rochedo, apresentava aos transeuntes um enigma, sempre o mesmo. Aqueles que não podiam explica-lo caiam em seu poder. Estraçalhava-os com suas garras e devorava-os.
Eis o enigma: Qual é o animal que caminha de quatro pés ao amanhecer, de dois ao meio dia e de três ao pôr do sol?
Édipo, tendo percebido o mistério respondeu: “é o homem”.
E a Esfinge, caindo em poder do vencedor, foi morta por ele.
O animal assim descrito é, o homem. Menino, na aurora da vida, ele move sobre as mãos e os pés. Ao meio dia de sua carreira, em pleno meio dia de sua força, ele caminha com seus dois pés. Mas, à tarde, quando declina o ardor de sua força, ele caminha com três pés, servindo-se de seu bastão.
E Court de Gébelin sugere, então, uma interpretação da fábula:
“A Esfinge é a ciência envolvida em alegorias; é um monstro; porque esta ciência é um acúmulo de prodígios de toda a espécie; ela é representada por um rosto, mãos e voz de mulher, para notar seus atrativos e sua graça; suas asas denotam o vôo elevado das Ciências e que são feitas para se comunicar rapidamente a todos os espíritos. As suas garras são a profundeza e a força irresistível e penetrante de seus argumentos e de seus axiomas”.
Só explica estes enigmas quem tem os pés inchados e doentes: porque não é com pressa que se decifram os enigmas da Esfinge.
“Enfim, duas condições estão ligadas a estas alegorias: ser despedaçado, se não puder explicar, ou ser rei se os decifrar. Efetivamente, aquele que não as pode desenvolver tem o espírito continuamente deprimido e aquele que as decifra é rei no sentido alegórico e filosófico, isto é, um Sábio, como se exprimem os estóicos; o Sábio é rei; reina sobre si mesmo e sobre a natureza que ele conhece”.
A ciência aqui é a ciência secreta, bem superior a toda a ciência. A ciência ordinária dá conhecimentos que não podem servir de base ao Conhecimento, fim de nossos esforços.
Uma aproximação impõe-se entre a Esfinge de Gizé e a Esfinge morta por Édipo. É um simbolismo idêntico sob duas formas diferentes.
No Egito, a idéia religiosa foi posta sob a guarda do deserto.
O gênio alado da Grécia confiou o seu pensamento ao tesouro vivo e movimentado das fábulas.
No Egito, vimos a sua quádrupla natureza nos dar a palavra quádrupla do eterno enigma.
A cabeça de mulher, cujo olhar é vago e penetrante, diz: SABER; os flancos do touro forte dizem: QUERER; as garras de leão mandam OUSAR, e as asas fechadas, apenas visíveis, ordenam CALAR.
É isto que devia compreender o neófito, e não é senão depois de lhe ter explicado que ele tinha o direito de penetrar, pelo peito do monstro, nos corredores subterrâneos e nas salas iniciáticas onde tinham lugar as provas que faziam atingir os Mistérios.
O fim supremo é a Ciência, o conhecimento do mundo, do homem, de Deus, a união à Divindade, o perfeito ideal do Sábio.
Na Grécia, o monstro alado é quase semelhante, mas foi confiado à lira dos poetas.
As dificuldades que encontravam Édipo e o iniciado do Egito, e que todos deveriam suplantar, eram as mesmas.
Alguém devia adivinhar a Esfinge, outro devia explicar a Esfinge, tarefa bem árdua por todos os modos.
Se o neófito grego não dava uma resposta satisfatória à questão exposta, caía sob as garras do monstro, ao passo que o postulante aos mistérios egípcios, para quem a Esfinge de pedra era letra morta, repelia ao limiar das experiências, caía em profunda e irremediável dor! A iniciação era-lhe vedada.
Mas Édipo, como o,outro iniciado, respondeu vitoriosamente. O egípcio foi admitido aos Mistérios da Deusa Isis. Ele foi iniciado; por seu labor e seu estudo, atingiu aos graus superiores. Édipo é rei, mas suas experiências não foram terminadas. A sua realeza não é senão a imagem daquele que procura a iniciação. A paz real, a verdadeira luz, o infortunado filho de Laio não as achará senão sob a sombra negra do bosque das Fúrias, quando, ao renunciar a todas as alegrias e às glorias do mundo, for votado aos deuses e, morto como o iniciado em um sarcófago, vier a ser objeto de culto e de benção para aqueles que herdaram seu corpo – suas obras – tudo o que fica ao mundo do iniciado digno deste nome.

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sábado, 13 de setembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.2 - A GRÉCIA - ENSINAMENTOS EXOTÉRICOS

7.2
A GRÉCIA
ENSINAMENTOS EXOTÉRICOS

No ponto de vista exotérico, parece que tudo o que impressiona primeiramente, na Grécia, é este número de deuses. Todas as forças naturais são personificadas.
Urano é o céu estrelado; Cronos, o tempo; Zeus, o céu agradável; Hera, o céu tempestuoso; Poseidon ou Netuno, o mar. Precisaríamos muitas páginas para enumerar todos.
Como isso também não bastasse, uma multidão de semideuses se fazia abrir o Olimpo por suas ações maravilhosas.
No céu vivia Zeus, pai dos deuses e dos homens, que os latinos chamam Júpiter.
Eis um fragmento do hino órfico que Creuzer tirou de Stobeu:
“Zeus foi o primeiro e o último; Zeus é a cabeça e o meio; Dele provêm todas as coisas; Zeus é a base da terra e dos céus; Zeus é o sopro que anima todos os seres; Zeus anima o fogo; Zeus é o sol e a luz; Zeus é o rei; Zeus criou todas as coisas! É uma força, um Deus, grande princípio de tudo; um só corpo excelente que abraçou todos os seres, o fogo, a água, a terra, a noite e o dia, e Metis a criadora primitiva, e o amor, cheio de encontros. Todos os seres são sustentados no corpo imenso de Zeus”.
Zeus com sua esposa Hera, tem um único filho (Marte), o Deus das batalhas. Palas Atenas (Minerva) é apenas filha de Zeus.
No céu estão Apolo, Hélios e outros. Sobre a terra primeiramente os Titãs, Demeter, Dionisios (Bacchus), Pã.
Cada fonte tem a sua Náide, no mar o irmão de Zeus, Poseidon ou Netuno com sua esposa Anfritrite, e o coro numeroso das Oceânidas, das Nereidas, dos Tritões, as perigosas Sereias.
Hefaistos (Vulcano), Hestia (a Vesta dos latinos), Hades (Plutão), Perséfone (Proserpina), filha de Demeter, Hermes (Mercúrio).
Os numerosos heróis, Hércules que desposou Hebe, a eterna juventude, Castor e Polux, Perseu, Erecteu e tantos outros.
É fácil encontrar concordância entre os principais deuses egípcios e gregos, porque, em todas as religiões, a idéia exotérica foi a personificação das forças naturais e esta personificação criou tantos deuses como forças representadas; para os iniciados, eram as manifestações múltiplas de um Deus único e todo poderoso.
No Egito o Deus supremo é Amon-Ra e Grécia é Zeus.
Tot, é também Hermes Trismegisto, Corresponde a Hermes, que é Mercúrio.
Osíris, o sol dos egípcios, sol dos mortos, em seu papel de Serapis e recolocado por Dionisios (Bacchus), que é representado sob os traços de um herói, conquistador, é o sol nos mistérios de Eleusis.
Horus egípcio, é Apolo.
O bode de Mendes, imagem bizarra da natureza inferior na palpitação de seu poder formidável, é Pã, com seus pés de cabra. A deusa lunar Bubaste, é Artemísia, a nossa Diana, que sob o nome de Artemísia, corre os bosques em companhia de suas ninfas. Sob o nome Febea, a encontramos nos ritos mágicos, velados sob o terrível nome de Hecate. A grande mãe Isis é recolocada por Demeter, detentora dos segredos iniciáticos. Hestia é a personificação de Phtah.
Não basta conhecer os deuses, é preciso torná-los favoráveis.
O primeiro culto estabelecido, tanto na Grécia como em todos os países da raça ariana, foi o culto dos mortos.
O Oráculo mais ilustre, era o do Templo de Delfos. Outros lugares santos davam sonhos; tal era o santuário de Asclepios em Epidauro.
O Oráculo de Delfos era representado pela Pitia. O nome de Pitia era-lhe dado porque foi em Delfos que Apolo exterminou a serpente Pitia, que sabia das coisas secretas que não são reveladas a todos os mortais.
Acha-se muitas vezes a serpente no simbolismo das iniciações mágicas e sagradas; sempre representa um mistério perigoso, que é preciso dominar.
A viagem de Ulisses ao Inferno, em Homero, a de Enéias na Eneida, nos dão a nota sobre o pensamento Grego no que concerne aos mortos.
No reino fúnebre, habitam as pálidas Enfermidades, a triste Velhice, o Medo, a Fome, perigosa conselheira de todos os crimes, o Trabalho, a Morte e seu irmão o Sono, a Guerra, a Discórdia e as Fúrias.
O Averno, o lago considerado a primeira porta do Inferno. O Aqueronte, o rio em que as almas devem passar.
No palácio de Plutão, guardado por Cérbero, o cão dos Infernos, estão as almas. No bosque está a morada dos heróis. Perto, está o tribunal onde estão Minos, Éaco e Radamante.
O Tártaro, é a prisão eterna.
Homero e Virgílio descrevem os Campos Elísios, onde repousam os bem-aventurados que merecem esta morada.
O Tártaro para os ímpios e os Campos Elísios para os justos não são, contudo, duas moradas definitivas.
Acreditava-se geralmente que as penas do Tártaro teriam mil anos e que as almas, tendo purgado as suas penas, voltavam a este mundo para animar novos corpos, procurar um outro destino, aproximando-se de uma evolução melhor.
Antes de deixar o lugar subterrâneo, as almas punidas deviam tornar a encontrar a frescura da primeira energia no esquecimento completo de seus males, bebendo as águas do Letes que não lhes deixavam mais a imagem.
Voltavam então a este mundo.

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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.1 - A GRÉCIA

6.7
A GRÉCIA

Na Grécia, como na China, Índias e no Egito, encontramos uma iniciação que estabeleceu, à margem da religião oficial, um ensinamento esotérico, reservado a uma elite e que não era concedida ao adepto senão após certas experiências que asseguravam a sua constância e a idéia que se poderia fazer sobre a sua boa fé e o seu caráter.
Os ensinamentos helênicos são enfeitados de uma mitologia deliciosa que parece afastar as idéias sérias, o que pode ter de lento em um ensinamento recusado a profanos.
Como nas Índias e no Egito o número de deuses e de semideuses é quase infinito, porém nunca os deuses tiveram a forma e o pensamento mais humano, nunca foram misturados à vida do homem com uma tão doce e tão fraternal familiaridade.
Nas grandes epopéias, os deuses não ficam sobre o seu Olimpo, mas lutam ao lado do seu herói favorito.
Mas, toda esta graça e esta poesia não ocultam senão um esoterismo poderoso, e achamos na Grécia três ciclos iniciáticos colocados sob o nome de três ilustres iniciados: os mistérios de Dionísio, que vêm da Trácia e que são atribuídos a Pitágoras, porém cuja severa doutrina tenta fazer reviver a austeridade Doria: ; os mistérios de Eleusis, de que Platão é a flor ofuscante, porém que nasceram muito antes dele em honra à maternal Demeter.
Certamente, a maioria destes mistérios era tirada de Isis e de Osíris, que vimos no Egito, ainda que se encontre uma parte do gênio pessoal, vindo do sentimento da raça e das lembranças de uma antiga religião autócene; mas para quem sabe ler e escrever, pode ver através dos símbolos e das palavras floreadas e sonoras do poeta, uma mesma idéia, um mesmo pensamento iniciático levou o pensamento do mundo a todos os países, todas as raças, a todos os tempos, com fracas modificações, que provêm dos costumes, certamente mais mutáveis do que as idéias primordiais da humanidade.
Os mistérios gregos decorrem dos mistérios egípcios, isso é inegável; porém, como as coisas são apresentadas diferentemente pelas duas raças tão dessemelhantes!
No Egito, a iniciação toma o aspecto terrível que não é fácil de abordar e de que não teria logo tendência a se afastar, se o desejo da alta ciência não fosse daqueles que fazem bravura de todas as experiências.
Estas experiências, nos santuários do Egito, tornavam o acesso de iniciação quase impossível. A ascese imposta era de uma severidade temível. Tudo era feito para inspirar o terror e afastar o noviço.
Na Grécia, tudo era diferente. Certamente, não se tinha o acesso aos mistérios por uma simples pergunta, e precisava mostrar antes qualidades de força de alma e resistência física.
Mas, uma vez obtido este resultado, o terror, que nunca tinha existido, desaparecia inteiramente. Todos os poetas gregos que foram iniciados – sobretudo nos mistérios de Eleusis – falam de sua iniciação e de suas festas secretas como da maior alegria da vida. Seu coro de Bem-aventurados nas Rãs de Aristófanes mostra o que era esta alegria.
E os próprios ensinamentos eram enfeitados de todas as graças de arte e entusiasmo. Tudo não era senão festas e jogos no país da beleza. Portanto, os ensinamentos eram os mesmos. Como a iniciação egípcia, o Templo de Delfos ordenava ao adepto a Conhecer-se a si mesmo.
Os mistérios de Orfeu e de Demeter faziam conhecer a certeza das vidas sucessivas e a ascensão do ser que, de luta em luta, chegava a uma pureza cada vez mais perfeita e juntava o grupo dos Olimpos sobre os cumes coroados de sol. Porque a Grécia superabundava de heróis divinizados pelas grandes ações. A barreira entre o céu e a terra não foi franqueada nunca. Mas, antes de poder encarar estas vastas esperanças, é preciso conhecer Deus, compenetra-se de sua grandeza e de sua justiça, ver no Todo Poderoso a imagem da Ordem divinizada.
E este conhecimento de Deus, ordenador da matéria conduzia muito naturalmente ao conhecimento de Deus, sem o qual não poderia haver ordem perfeita.
Na Grécia, país da luz, a lógica é soberana e, ainda que coroado de todas as flores da ficção, ela não se deixa levar pelo perfume delicioso.
Examinaremos sucessivamente o lado exotérico e o lado esotérico. Eles são diferentes, certamente, porém, não muito afastados.

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