sábado, 13 de dezembro de 2008

MAÇONARIA - ORIGENS INICIÁTICAS - 7.13 - A GRÉCIA - OS MISTÉRIOS DE ELEUSIS - 1ª PARTE

MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

7.13
A GRÉCIA
OS MISTÉRIOS DE ELEUSIS
1ª PARTE

Um dos pontos mais secretos da iniciação helênica, foi a celebração dos Mistérios de Eleusis. Temos poucos documentos sobre um fato que foi, entretanto, de importância considerável sobre a vida religiosa da Grécia.
Certamente, tomando tema da desaparição da jovem Deusa Perséfone, da desaparição do grão de trigo, posto na terra como um morto para apodrecer e que, sob uma influência misteriosa, triunfa do peso da terra, renasce à claridade, floresce, traz frutos numerosos, todo espírito elevado e conduzido ao simbolismo, via nesta imagem, os destinos da alma, que reentrando no aparente não-ser, volta à vida e, rica de novas experiências, conduz frutos à eternidade, em vista de suas futuras reencarnações.
Em nosso sentido, não poderia haver dúvidas; a iniciação de Eleusis, ensinava a solução de todos os grandes problemas; mostrava que o ser humano tem por dever elevar-se, criar em si novas forças, prever a morte que conduz ao renascimento e preparar-se, a fim de que o caminho lhe seja breve para a paz absoluta do eterno porvir.
Imagina-se, com toda a aparência de razão, que os Mistérios de Eleusis, como todos os Mistérios antigos, ocultam, sob a forma exotérica de suas festas harmoniosas, um ensinamento análogo àquele que tinha professado Orfeu e Pitágoras, posto que sob uma forma diversa.
Estes ensinamentos eram intimamente, idênticos aos do Templo da Índia, da China e do Egito; a verdade é uma e, sob o véu florido dos mitos e das alegorias, não poderá ser mudada.
Pode-se acreditar que o ensinamento eleusiano, tenha trazido ao mundo, um conhecimento novo, mas, pela graça do gênio grego, nunca a doutrina pura fora enfeitada de um exterior tão sedutor, porque é o dom próprio do gênio grego, embelezar tudo o que está submetido ao encantamento de sua lira.
Parece fora de dúvida, que os Mistérios de Eleusis, eram baseados sobre a fé nos renascimentos e sobre a subida da alma para o divino, através das etapas da morte.
O grão de trigo, foi o seu símbolo, e toda a mitologia se liga a esta crença. Apenas semeado, o grão desapareceu; o corpo, à morte, é confiado a terra. Mas o trigo reúne os elementos de um novo corpo, como faz a alma humana.
Os dois recomeçam um novo ciclo, e a volta das estações foi para os gregos, a imagem da ordem imutável e diversa da Criação.
A vitória que o cultivador alcança sobre os elementos hostis, sobre a aridez da terra, simbolizava para eles a vitória que devemos alcançar sobre as nossas paixões.
Demeter, nossa Ceres, via arrebatar sua filha Perséfone, os frutos da terra, pelo feroz Plutão. Perséfone (Prosérpina), era-lhe entregue depois, mas nunca completamente, porque o Deus dos Infernos, tinha toma do o cuidado de lhe fazer comer algumas sementes de romã, símbolo da fecundidade.
O sentido esotérico, era que a alma, depois dos funerais, entrava nas trevas e se purificava, mas nunca completamente, porque nós guardamos até o fim das nossas encarnações, o desejo de viver e produzir.
Não será senão quando estivermos despojados de todo desejo egoísta, que seremos livres de voltar ao mundo, que Perséfone, voltará definitivamente ao esplendor do dia, representará a inteligência divina, a luz celeste que procuramos longamente, que se recusa aos olhos da carne.
O fim destes Mistérios, era o mesmo que o de todas as iniciações. A entrada entre adeptos, era considerada como um novo renascimento.
Eis porque o noviço devia sofrer um simulacro de morte para renascer a uma nova vida, aquela que não termina mais.
Havia duas etapas a vencer na iniciação: Os Pequenos Mistérios, dos quais não se podia ser dispensado, e os Grandes Mistérios, que eram reservados àqueles que tinham passado por uma iniciação completa.
Para o fim do século V, antes de nossa era, um grau ainda superior foi unido a estes Mistérios: a Epoptia.
Os Pequenos Mistérios, celebravam-se ao fim do inverno, no mês de Anthesterion. Simbolizava o fim do inverno, o começo de um novo ciclo, embelezado pelo Sol novo e todas as flores novas.
Os Grandes Mistérios, celebravam-se no mês de Boedromion (setembro), entre a colheita e as sementeiras.
As colheitas acabavam e as sementeiras não eram feitas. O ser achava-se entre a morte e o despertar, na plenitude de sua personalidade.
Nada operava sobre ele; podia dar-se à vontade ao ensinamento iniciático, e o outono pesado de frutos, faziam-lhe compreender que a vida humana, como a natureza materna, não pode existir sem encher as cestas de outono de frutos dos longos trabalhos de seus dias.
Os Pequenos Mistérios tinham, algumas vezes, o nome de Mistérios de Agra, porque eles eram feitos não em Eleusis, mas em Agra, que é um arrabalde de Atenas.
Havia nessa cidadela um Templo consagrado a Perséfone, sob o nome de Koré (a moça), e era aí que as festas se desenrolavam.
Monumentos mostram-nos o neófito nu, passando esta lustração. Tem o pé esquerdo sobre a pele do animal que ele ofereceu para tornar as divindades favoráveis, e um celebrante lhe derrama a água sobre a cabeça.
Além disso, o vemos assentado como adepto definitivamente aceito. Sua cabeça é coberta por um véu; uma sacerdotisa o abana com o crivo místico.
Os Pequenos Mistérios, além de Demeter e Perséfone, também tinham lugar em Dionísio. Nesta cerimônia, Dionísio representava o papel de Deus psicopompo; era ele que conduzia Perséfone à luz; era ele que, pela força de um santo entusiasmo, elevara o iniciado acima dos reinos da morte.
Os Grandes Mistérios se celebravam de cinco em cinco anos, e sempre em Eleusis. De Atenas, os efebos partiam em cortejo para Eleusis
Os neófitos deviam demonstrar que eles tinham seguido os Pequenos Mistérios.
Heródoto, que tinha visto os Mistérios em seu tempo de plena florescência, descreve com entusiasmo esta multidão enorme e recolhida. “Via-se a poeira que 30.000 homens levantavam; o grito de Iaccos retinia, impelido pela multidão daqueles que se entregavam a Eleusis, e de todas as partes do mundo grego, corriam homens desejosos de receber a iniciação santa”.
De todas as partes, vozes entoavam hinos sagrados. Nada mais imponente e mais vibrante do que esta entrada do cortejo em Eleusis; mas os sacerdotes, vendo que aqueles que deviam entrar tinham vencido o limiar, fechavam as barreiras. O cortejo sacerdotal penetrava no santuário da Deusa; o Hierofante depositava os objetos sagrados que não deviam sair, senão cinco anos mais tarde.
A parte pública da festa estava terminada.
Começava, então, a festa iniciática.


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